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sábado, 2 de abril de 2011

Obséquio

Diante de um espetáculo macabro, nenhum pouco improvisado, alguém cansado e debilitado conversava com alguém perdido e curioso:
- Facas, você questiona sobre facas?!
- Havia muito sangue em todo carro! Eu achei que...
- Deixa eu te explicar de novo: a incoerência não estava na ausência dos "espelhos", mas no excesso de "vinho" ao ídolo... Entendeu? Nada de facas!
- Tudo bem... Você falava... Digo: o senhor falava que a dor não era necessariamente acidental, havia uma conotação forte nos gritos... Certo?!
- A dor inexplicável, a dor pura; a primeira dor... Ela é única.
- Por isso a idade escolhida, então...
- Sim! Por isso temos crianças sem olhos e com os pulsos cortados - o que as facas tem a dizer? Nada... Nem foram facas que fizeram isso: desejos arrebatadores - desespero puro - anseios inexpugnáveis, atraídos por palavras doces que já foram pronunciadas várias vezes ao longo das eras...
- Não irei pra casa tão cedo hoje, certo?
- Você, realmente, está preocupado com as facas...

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