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quarta-feira, 20 de abril de 2011

A porta; a ponte


Despojado de ciência, presume-se um óbvio patético. Ainda que tente-se construir passarelas entre abstrações tortuosas. Nada fácil. Perde-se palavras, portas abrem-se, portas fecham-se. Alguém senta e lamenta, alguém sai. E caminha.
Em meio a toda escuridão superficial da noite, alguém apenas procurava vagar... O rumo, destino, é muitas vezes tedioso, pensar na existência de tal entidade é o típico pensamento inútil... Aleck sabia disso... Ela sabia que olhares a seguiam, que sussurros poderia se intensificar, que o perigo já era patético em esquinas como aquelas. Ainda assim ela seguiu.

Flerta-se entre iguais

Fala-se, discerni-se, comenta-se:
Trôpegas tropas errantes!
Entre meus sonhos toscos,
E seus pesadelos medíocres,


Um bocejo equivocado,
Um arroto simplório,
Uma taverna decadente.
Ainda assim:
Seu olhar, meu sorriso e nossos desejos...


Um rio. Um rio no caminho; uma ponte sobre ele. O rio era marrom ou preto... Aleck olhou para cima, suspirou rapidamente, e voltou a fitar seu entrave: Uma cor entre as duas, um pouco de cada, por vezes só uma. A chuva parecia que ficaria apenas cogitada aquela noite. A lua se ausentava, mas algumas estrelas medíocres serviam para enfeitar o vazio tenebroso.
Dois quarteirões a separavam de seu sossego momentâneo, ainda que tedioso, necessário. Começou a atravessar a ponte pútrida. Um cadáver que resistia ao tempo. Bestas, demônios e o inominável surgiam entre tintas e pesares... Alguém queria atravessar: acima do peso, com uma estatura boa, cabelos lisos e desleixados, olhos pequenos, semblante frio e quase hostil; uma moça de sobretudo e botas. Se chamava: Carlla e queria estar em casa. 
Ninguém cedeu o caminho. Ninguém chegou ao seu destino. Pelo menos naquela noite.

Um comentário:

Aline disse...

sem dúvida é um dos meus preferidos! é onde eu me encontro...só tenho q entender o momento certo de atravessá-lo

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