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terça-feira, 5 de abril de 2011

Acidentalmente fúnebre

Ainda que seja desnecessário: para muitos o passado é algo ordinário, muitas vezes patético; o futuro é um conceito difícil - abstrato demais; talvez, o presente parece ter alguma relevância... Ele estava preocupado em se alimentar, seu corpo cansava mais e mais a cada novo passo... O cheiro de alimento se misturava ao de podridão e de qualquer dejeto industrial... Ele seguia seu trajeto desnorteado e medíocre. 
Ela estava preocupada, quase desesperada, estava sendo seguida por muitos outros... Culpa de seu odor - como uma maldição periódica que se manifestava nos piores momentos! Agora ela estava com medo do que poderias ocorrer, muito medo: havia ânsia e lasciva feroz em cada um de seus perseguidores! Ela corria!
Ele sentiu o cheiro dela. Ela o viu - o escolheu. Estavam distantes, os "algozes" estavam perto.
Ele não podia raciocinar, nunca poderia, diante do cheiro que lhe incutia desejos animalescos - ele nem conseguia vê-la diante da sensação que o entorpecia. Ela o aguardou. Ele se lançou na direção dela! Decidido a enfrentar qualquer rival! Ela seria sua! Ele dela!
Um carro foi mais rápido, ainda que tentara desviar.
Mais um cachorro morto.
A cadela correu, enquanto alguém comentou:
- Cachorra no cio é foda!

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