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quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

O debate


Sentados e indispostos aguardavam suas cônjuges. Um à direita, outro ao centro. Sapatos inquietos e uma sinfonia sem maestro; seria o impasse? Uma pequena proposição: preços de peças de roupa, uma loja feminina - o palco das encenações. Longe, de toda forma, a singular senhorita em uma interminável escolha, decisão única, difícil: muito pequena? grande demais? quem verá?
- Exorbitantes, houve tempos melhores!
- Nem tanto. Mas nem tão caóticos...
- Ora, pode-se protelar algo inferior?
- Nego a saudação atroz dos verdugos que aqui estão, mas os do passado... Nunca mais, por Deus...
Nem tão longe, um solitário em seu compromisso, a escolher um regalo fino e convidativo, observa a senhorita... Quadris largos, seios avantajados, óculos redondos, bochechas fartas, as nádegas imensas... Ele saboreava a desatenção dela, e se incomodava com o colóquio que persistia...
- Deus me defenda de ver uma mulher naquela posição! Que perigo...
- Ora, não é de todo ruim, pior seria se fosse um estrangeiro, ou um pagão, mas desde que continuasse a apertar as mãos certas e massagear as costas de sustentação...
- Que radicalismo. És comunista? Não posso crer...
- De forma alguma, sou cristão. Não praticante.
Ela não notara os gordos senhores, de barba bem feita e de cortes parnasianos. Nem mesmo o observador descuidado em sua hipnose. Ele se escondia atrás de uma coluna, e de um par de óculos remendados... Esquecera o que estava fazendo ali, ou melhor, seguia sua marcha, uma súplica inconsciente, a imaginar e cogitar, e refazer traços poéticos em cada detalhe... Ela enfim escolheu, amarela, nem pequena nem grande. Ele tinha certeza, seria diminuta. Passaram, um pelo outro. Ele procurou os olhos dela, ela tinha pressa, seguiu ao caixa. Apenas.
- Foi um prazer conhecê-lo, o senhor parece muito jovem, pra idade que tem!
- Nem tanto. Se fosse o senhor, pararia de fumar e melhoraria o cardápio.
- Até mais!
- Que Deus lhe guarde.
Enfim.

Marte, Ares e Xipe Totec


Maquinações: severidades empilhadas, o que há de estranho em tempos miseráveis? Ali, na antiga cidade de Florona, a ancestral Ignaapolis, havia apenas vestígios de vidas, rastros de histórias; fragmentos de passados... Mas um desejo, o desespero e ambição em cópula contínua, sombreava as largas pedras angulares, de edifícios, casas, templos... Procurava por pedaços daquilo que pouco respirava, documentos, pergaminhos - a antiga deusa da magia, e antigo deus da sabedoria... Aliquam e Kras, duas das três cabeças do Dragão Dourado de Três Cabeças.
Dias se fizeram em trinta semanas. A lenha que alimentava o fôlego da busca, era de puro ímpeto de esperança e vingança. O destino beija a fé dos persistentes? Ou se intimida diante de um anseio derradeiro?
Os sábios da antiga Ignaapolis conheciam diversas mitologias, algumas advindas de povos esquecidos, desconhecidos de outros tempos e mundos... Ares e Marte, visões do grande Bellator? Havia um pergaminho, presente da antiga Draakya, lá havia referências a divindades pagãs, menores, na capital do Império Dragão: Xipe Totec, o esfolador.
Há convicções nas estrelas? Na imensidão escura do universo? Na magia presente no ódio que divide corpo com utopia, certamente... Um juramento marcado nas costas das sendas de uma vida. Um entidade ressurgida? Reencarnações da tirania. Um herói: Maxman, o guardião de Arkya.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Derradeiros Ímpetos Cósmicos / अंतिम ब्रह्मांडीय विस्फोट

इश्क
Sonhos conduziram muitos até lá. Esperanças. Dores vinham nas costas e nas mãos - o desconhecido sob os pés - a verde imensidão escaldante.
दर्द
Uma marca de ganância deu os primeiros contornos dali. Lamentos na terra, luxúria das praias... vidência exposta em barro; a sabedoria incessante.
संतुलन
O que restou de feridas e utopias. Cinzas da ganância e da resistência: a convicção, chama das agonias, e a tristeza, gélida maré de aflição, eternizam o metal cíclico.


Insurreição / Insurrection / Ülestões


Filiaal... um cajado moldado por esperança e desespero... arma dos desprezados... Branch
Juur... o incenso das suspensões: suprime as dores; paz à mágoa... amor entre os ímpios... Root
Seeme... um alimento de genuína dor ao caos dos destinos... amargura nos confins... Seed
Kere... a solução entre os flagelos da criação incansável... a resposta ao deus que revive... Trunk

A súplica & a dúvida


"Um argumento se insinua sobre nós como uma doença!" - Assim ouvi repetidas vezes, o eco da intolerância. Uma lástima para nosso tempo? Um tom diverso no mosaico de nossas dúvidas? Um som agudo canção das nossas certezas? Um verdadeiro esmegma acumulado entre as rugas da tirania óbvia! Não tão óbvia? Ululante! Os patifes cegos, irmãos e mães, sorriem entre si no café e no jantar - confirmam! Eu? Nada.

(Arcano)

sábado, 10 de janeiro de 2015

Havia Um Tom de Desespero



A pequena arranhava a parede velha e sem tom, como que tentando cavar uma fuga para longe daquele lugar, daquele instante... O homem magro, alto e de ventre avantajado se aproximou tão devagar, que talvez nem fossem as drogas que o deixavam mais, lento, talvez fosse o medo da pequenina, um medo tão inspirador, cheirava... Suores, pressões, tremedeiras, o nervosismo como um deus multifacetado - penintência e machado: seu semblante duplo. Depois, quando só restava uma massa de carne que tinha pequenos espasmos decrescentes, ele pegou o pequeno boneco que ela havia apertado com tanta força... Ergueu mais uma lembrança daquele momento. Já se perdia a conta na casa dos vinte, agora mais de trinta, dos brinquedos suspensos. Dores vivas, eternizadas... Balbuciava antes de dormir, com cheiro de óleo, cigarro barato e álcool: "Romaedrodezafromadrodezaf...".


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