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segunda-feira, 25 de abril de 2011

Pavor: desejos da Chuva e da Noite...


Havia muito medo em cada gesto que fazia. Sentir medo é normal, todo mundo sente. Mas um medo abissal, uma certeza flagrante de que algo de errado, algo de mal irá acontecer com sua integridade metal ou física é sempre mais complicado... A urina ou as fezes manifestam essa sensação...
A chuva é uma desgraçada! Muitas vezes cai nos piores momentos, e com a noite envolvem-se em uma verdadeira paixão lésbica, em que o medo, das pobres almas que vagam de volta para segurança de suas residências, é um puro orgasmo... Acelerava o passo! Apertava os cadernos contra os seios! Olhava para os lados e evitava olhar para trás... Os sons da chuva, os sons da noite, gemidos ofegantes de gratidão ou sinfonias tantálicas de agonias pareciam que iriam enlouquecê-la! Ela praticamente corria em direção a sua casa... Os becos pareciam maiores que o normal, a casa dos vizinhos estavam diferentes - percebeu: pegou o caminho errado! Droga! Avançara uma quadra, teria que voltar e confrontar com seus passos anteriores, onde negara-lhe a possibilidade de "olhar para trás"...
Ela respirou forte... Seus olhos já se cobriam de lágrimas, já estava toda molhada e teria que fazer o retorno. Teria que passar pelas esquinas, onde jurava ter visto medos óbvios e mesmo terrores ancestrais - a violação, o sobrenatural, o instinto animal perturbado, o ímpeto dos subúrbios miseráveis... A coragem não havia, a necessidade assumia seu papel, chegava perto de meia-noite. Não tinha escolha.
Voltou.
E foi só.

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