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segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

A escuridão que se precipita

Ando por todas as ruas desta cidade, caminho por alguns becos, já me perdi algumas vezes, mas agora já comecei a me familiarizar... Outro dia contei os postes da minha casa até a universidade, são setenta e quatro postes - às vezes alguém olhava. Hoje, meu desjejum foi apenas um copo de suco, não estava com fome, o almoço foi rápido e esquecível. Já está quase na hora do jantar, observo o sol morrer devagar...
Olho pro livro de S. Ansky. Vou ter coragem para lê-lo um dia? Imagino o cheiro da vizinha e olho pra parede que separa nossos mundos. Gargalhadas distantes me fazem mesquinho e arrogante, um violão chora próximo, talvez do andar de cima, um imigrante mora lá. Ligo o rádio, e Piaf não consegue diminuir meu tédio. Volto ao semi-silêncio do apartamento alugado. Quanto tempo até me suicidar?
Vou até a cozinha. Abro o pequeno caderno, ainda em branco, rascunho um prólogo, alguns poucos versos, e por fim, elucubrações: o proboscidiano é o próximo a estar em nosso caminho? Ele já me encontrou? Estou com tédio, depressão ou sob o efeito de sua presença? Há um calor inexplicável, que graças à sorte, ainda não senti e temo se aproximar - o que poderia detê-lo? E aquele que vem do fundo? Que Deus me ajude, estou de joelhos, deveria avisar meus amigos, perdão, perdão, perdão... Deus! Alguém bateu na porta...

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