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segunda-feira, 27 de novembro de 2017

O desterro da contemplação estapafúrdia


... estapafúrdia! Assim estava naquele monólogo. O teatro tinha cheiro de cigarro, e sempre que muitos passos se ouviam, ouvia-se também uma garrafa girar pelo local. O garoto era de estatura média, meneios delicados, voz fina, porém forte, cabelos enrolados e cheios, sorriso de tom amarelado, e olhos verdes e avermelhados.
- Não é bom estar apaixonado? Ou apaixonada? Hein, gente... - Perguntava pela terceira vez o jovem ato vestido de antiga personagem...
- Mas quem pode prever a reação do outro lado?! Ninguém, né? - Insistia...
... ela tinha parado de fumar há alguns meses, estava ficando enjoada com o cheiro do ambiente. O odor de bebida barata também não contribuía.
- A pessoa sabe que é parte da traição! Ela não é casada, não tá com vínculo civil com ninguém. E insiste que deve seguir por um suposto caminho correto! Nossa... Dá até dó da pessoa!
... ela não aguentava mais, se levantou e saiu do teatro. Observou o asfalto molhado, o frio que batia naquela cidade tropical, frio demais! Então, foi para a parada de ônibus, e com tédio olhou para a televisão; alguma outra morte, outro acidente, outro jogo, muita corrupção... Todo ponto de táxi tinha que ter uma televisão ligada.
O ônibus estava vazio, a temperatura parece que havia caído mais. Havia um terço caído no chão e o resto de um pendrive. Coisa engraçada. Um poeta sussurrava bêbado atrozes reflexões, os poucos que o viam, não o ouviam... Dizia recitar Demóstenes, poeta marginal desconhecido, segundo ele:

Ela estava só no mundo,
Eu só tinha tudo,
Nós num único fundo,
Vós entendeis ou sois mudos?

Pela janela, ela contemplou a estrelas e notou seu alinhamento. Ninguém sabia, nem quem mandava naquela agência, porém, Sarissa Shneg havia vindo do outro lado do oceano com uma intenção: descobrir quem era o tal Ex-Machina, e se tamiel.2.0 era algum código militar.
Tirou do bolso outro panfleto de peça existencialista, e traçou os planos dos próximos passos de investigação.


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