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segunda-feira, 28 de agosto de 2017

À sombra do herdeiro

Acordei de novo no meio da madrugada. Pelo menos três pensamentos incompletos e incongruentes me afligiram de uma vez só todos sem sentido! O enterro de um cachorro na cobertura de um prédio, o salto com asas pela janela de um hospital e o chute em um mastro torto de ferro durante a noite numa praia distante... Não tenho cachorros, não vou a hospitais e, definitivamente, não gosto de praias. Quando não é isso, um monte de incoerências distorcidas, dúvidas abismais sobre o início do tempo, a existência de deus, a fórmula da felicidade etc. Só caminhos do estado depressivo que quase sempre vem congelando meus dedos e minha capacidade de escrever. Todavia, eu sei que é algo maior e muito mais perigoso. É a ansiedade sem nome. Muitos enfrentam e até sabem lidar com ela - só que essa, talvez, só se entorpecendo, disse não aos intoxicantes há alguns meses, e não sinto falta - não! não é uma crise de abstinência - de nada daquilo. Às vezes do cigarro.
Já falei tanto de posturas e comportamentos alheios, que talvez esteja na hora de falar um pouco da minha condição patética: escrever, ler e ensinar. O quão ridículo isso tem se tornado na minha concepção. Não que os sentidos que esses conceitos os sejam, não. Mas como alguém como eu pode fazer algo assim: a busca por sensibilidade foi abandonada no meio de tantos arquivos amarelados, o amor ficou num interior tão longe que não vou buscar por falta de coragem, o coração de cavaleiro e o a fé em algo estão em cinzas que só servem para incomodar... Há uma razão fria e egoísta, que ajuda conviver em grupo.
O que mudou? Foi o que mudou que fez tudo isso? Uma coisa carregada de ansiedade está vindo e traz o desespero, a pior parte do medo... Só eu sei isso? Só eu percebo isso? É um dos atestados mais certos da loucura. O futuro pode estar em risco, o presente está trêmulo, o passado foi alterado - aquele gosto de ferro na boca todas as manhãs é o sintoma mais forte. Uma porta no meio da floresta trouxe algo muito perigoso (várias cabeças entre as dimensões), um livro morto que foi roubado e a volta de um pseudo-pai feito de engrenagens - estes foram meus últimos pensamentos aleatórios que talvez façam sentido apenas nesta mente louca e... [ACABOU A BATERIA]

(Arcano)

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