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segunda-feira, 28 de março de 2011

Bola p'ro mato!

De todos que jogavam, ele se escolheu. Se apressava, logo a noite iria chegar. Não poderia perder mais, já estavam perdendo. A coragem inicial agora sucumbia ao inconformismo. Ele tornara a subir o velho muro que acabara de traí-lo. Havia muita dor, mas nada de choro: seus dedos sangravam um pouco, as marcas de arranhões cobriam-lhe o peito, as coxas e os braços. Já podia ouvir os colegas que o aguardavam no terreno baldio. Se arrependera de ter ido buscar a bola no mato.

Um comentário:

Charles Mesquita disse...

Eu não poderia deixar de registrar meu comentário aqui, depois de tudo o que lí e sei que ainda terei este prazer por um bom tempo. Gosto de ler, gosto de escrever....Apenas acho que , em minha santa ignorância, não devemos perder o foco. A palavra tem uma força enorme sendo usada tanto pro bem quanto para o mal..." O mal não é o que entra pela boca do homem e sim o que sai..." Em minhas andanças literárias descobrí um recondito maravilhoso que vale muito a pena mencionar a você...Um carinho....Um incentivo.... Meu respeito....
A ARTE DE ESCREVER...
"Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes.

Depois enxáguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota.

Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar. Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer."

Graciliano Ramos
Avante divulgue o que te vier a mente e supere-se. Abraços...
- O Silencio das Horas -

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