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quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Os suspiros derradeiros e grosseiros...

Há algo que nos envolve e de alguma forma equilibra nosso ego e o mundo? Ou será a pura coincidência da nossa finitude plausível? Naquela madrugada, Arcano voltava sozinho pra casa, os amigos, dois dos melhores estavam em um séria contenda: Muito difícil discernir mágoa de impertinência, ou orgulho de convicção... Andava sem pressa por uma praça húmida e fria como o resto das redondezas; na umbra, um belíssimo corpo cheio de curvas, uma voz quase feminina lhe disse que a noite era boa, e convidava em silêncio e cinismo aproveitá-la por meia-hora ou menos num motel barato nas proximidades, apesar de quase não conter sua inclinação em aceitar, ele apenas sorriu e a cumprimentou. Seguia a pensar em como resolver a peleja fraternal... Lembrava que carrega pequenos rancores de ambos, quando mais novo já havia cogitado agredi-los mais de uma vez... Por um lado sabia das razões de ambos, e apesar de um lado parecer ter mais motivos, ambos haviam cometidos erros graves; a frente um carrinho de cervejas, perdido de algum show distante, uma latinha ele pediu e continuou sua peregrinação rumo ao nada. Uma igreja, uma breve oração à Dúvida Divina, mais marcha; outra praça. Não fumara a noite toda, talvez um não fosse fazer mais mal que todos os tantos outros... Pensou no Padre, em Sandro, em Leela, em Xavier... Rapazes e moças sorriam e abraçavam-se do outro lado da rua, muitos beijos indiscretos e certezas políticas e sociais em voz alta lançadas à madrugada húmida! Ele desdenhava de jovens mentes, gerações recentes - petulantes e desdenhosas... Seguiu seu rumo, os ofendeu em pensamentos, se afastava com a certeza que poderia humilhar qualquer um deles... Findou a cerveja, e dois cigarros, não queria ir para a parada, resolveu que iria esperar amanhecer. Desceu ladeiras, sentiu raiva de si, pensava a toda hora nos dois; em sua cabeça a certeza de que ambos mereciam ou deveriam passar por aquilo, assim como ele! Era o ritual de passagem de suas gerações, hora de construírem rancores para a velhice? Hora de ter as censuras e virtudes adultas? Ora: Suspiros. O ônibus passou.
Consumidas, agora se refletiam e se amontoavam, tons fracos e fascinantes, como estrelas ao amanhecer, as realidades... Pisoteadas pelos Gigantes.

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