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quarta-feira, 19 de junho de 2013

Formidáveis latidos distantes



Recorreu ao rádio, longe os latidos incomodavam!
Errou o volume, o rádio passou a latir.
Resmungou, contra si, e contra os deuses que negava...
Procurou o jornal.
Velhos generais reclamavam no chão do quarto:
Ele precisava de jornais - ir ao banheiro.
Norteou-se, a luz, não quis acendê-la.
1982 - Honduras.

Desconcertou-se. Reclinada por entre almofadas demais.
Que cheiro de perfume com sangue?
Nada de trabalhar pela manhã... Dormir, era o que queria!
Procurou por sabonetes.
Velhos generais roncavam no chão do quarto:
Ela precisava de toalha - ir ao banheiro.
Recompôs o andar. O cigarro, não quis continuar.
1979 - Espanha.

Arfou, babou... O general sorriu!
O cão parecia sorrir de volta!
Irmãos... A verdade do amor sem razão.
Raças distintas - sinceridade de sentimentos,
Rendidos um ao outro.
Ursos pelo chão e alces pelas paredes de madeira!
Suspirou e esquentou a sopa.
1927 - Itália.

Velho, cafetina e defunto.
Uma herança: ossos de um cão...
Latidos, longe, ninguém via - um com pouca visão, outra sem qualquer!
O defunto imóvel, preso à parede - sorrindo - lindo!
Não se amavam - viviam, oras.
Horas, anos - tudo mesclado - o cão e o quadro!
Resignaram-se. Comeram. Latidos.
1999 - Brasil.

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