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sábado, 7 de maio de 2011

O andarilho e o incauto desastre interior... IV

Cheirando a ponta dos dedos, para sentir o odor de nicotina que restava por lá... Carlla e Sandro chegam à catedral de Caiena. Ele parece confuso e preocupado, ela apenas observa tudo ao redor sem expressar preocupação, mas algo lhe irrita penosamente - não saber o que fazer. Então Padre Ferreira e Ed se aproximam, Carlla saúda Ed e pede a benção para o padre, Sandro apenas os cumprimenta com o olhar esperançoso, certo de que as confusões acabariam... 
Aleck e Kanashiro passam por ruas sujas e de odor ruim; a Cidade Velha de noite lembra um cenário de filmes medievais com bruxas, demônios e dragões, Aleck calada sabe onde devem ir, Kanashiro, ansioso e nervoso apenas olha para o chão e segue a estranha moça... Kanashiro observa as pedras que compõem o chão de boa parte do antigo bairro, ignora a sujeira, e segue os padrões alinhados, seu pensamento, como de um jovem, se perdem rapidamente e percebe que há algo no chão uma mancha escura, parece sangue, é fétida e pegajosa, ele aproxima a mão e toca - uma sensação gelada toma-lhe a cabeça e seus fechados observam padrões retorcidos ao seu redor, seu medo se materializa - na verdade busca representação, e ele pode ver uma criatura da altura de dois homens, sua pele é como se fosse de uma pessoa esfolada, forte, dentes enormes; ela está os observando do alto de uma casa de dois andares! Ele grita o nome de Aleck! Ela observa assustada para o local apontado pelo jovem mestiço! A criatura é rápida e perspicaz: ela salta sobre Aleck! Kanashiro dá três passos rápidos e salta no ar - com a ponta do pé atinge o flanco da criatura e muda sua trajetória - arremessando-a contra uma parede! Aleck corre em direção à "Baba-do-Diabo" e pronuncia palavras em uma língua desconhecida para o jovem: ela estende a mão sobre os "remendos-infernais" e a criatura pega fogo! Ou algo do tipo... Chamas azuladas, celestes, cobrem a criatura que grita, mas é a alma de Kanashiro que escuta... A critatura desaparece, apenas fica uma pasta escura no chão, para comprar existência... Aleck suspira, alivia-se e diz para eles continuarem, se não perderão o barco para Macapá, ele observa com os olhos largos e com as mãos trêmulas; opta por não falar nada e segue a colega...
Padre Ferreira diz a Sandro que a culpa é um conceito tênue e fraco, mas capaz de aniquilar a vida de alguém... Ele diz que Sandro carrega a culpa - de algo que provavelmente não fez. Ele diz que sabe apenas por saber. Sandro assustado, pergunta o que pode ter feito.

- Escute, jovem, nem sempre podemos coordenar nossos atos, somos animais... E eles sabem disso...
- Eles quem? O que eu fiz? Me abrigaram a fazer?!
- Eu disse que ele era irritante... - comenta Carlla em baixo tom para Ed que apenas sorrir...
- Sandro, você roubou algo que está dentro de você. Antes de chegar a Caiena você vagava por planos distintos, era esse "algo" se manifestando em você... É patético lhe dizer, mas você precisa devolver isso, e nós estamos aqui para ajudá-lo...
Sandro agradece e fica confuso. E cogita todas suas hipóteses de ter feito algo de errado sem querer. Contudo, nada surge em sua mente confusa demais. Ele senta-se e baixa a cabeça, nunca fora muito religioso, mas esboça uma oração. E então sua mente desloca-se no plano: ele está em casa dormindo. Abre os olhos e está na igreja.

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