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sábado, 2 de dezembro de 2017

Na chuva radioativa...

Apesar de toda aquela baboseira, até que ele curte ouvir uma pregação... Borlochynov não acredita em nada disso de fato, talvez seu irmão Ivan, ou sua amiga Hubenka, entretanto, aquilo não era pra ele, ainda mais depois de uma noite de serviços pesados... O cheiro de sangue parece que não saía de suas mãos.
Ele saiu do velho templo, quase vazio.
A chuva estava prestes a cair, sua resistência sobre-humana, própria de um replicante feito para trabalho pesado em áreas onde humanos preferiam não estar, ou não aguentariam, o faria aguentar por algum tempo, contudo, Borlochynov não calculava este risco, ele ainda estava com os lábios cruzados com o de Bashara. Como ele, ela também era um "clone adulterado", feita para entreter homens pervertidos de ricos países que gostavam de garotas e garotos com a mesma idade de seus filhos e filhas que ainda estavam na escola.
Uma hora antes de tudo isso, Borlochynov, Ivan e Hubenka haviam matado muita gente. Eles foram pagos para isso; é claro que gargalhar com ele fez não estava no pacote, ou roubar-lhes um dente de cada do jeito que Hubenka fez, ou mesmo esviscerar dois ou três deles por diversão doentia ao gosto de Ivan... No alto do edifício, onde estavam o restos da organização criminosa de ruivos barbudos, eles, os três, falavam pouco e bebiam.
- É claro que voltar pra casa faz tudo parecer a mesma coisa. Não interessa se você traz dinheiro, troféu ou sangue. São só provas do passado, de algo que nem sabemos se valeu a pena.
- Você sempre age dessa maneira, Hubenka, como se não se importasse, como se nunca estivesse interessada, e sempre tão focada num objetivo, que até mesmo você deve duvidar se tem certeza...
- Acho que vocês dois beberam demais, é melhor voltarem para o cafofo... Ou vão se drogar separados. Ivan, deixa ela em paz! Hubenka, por que não vai beber naquela boate de mulheres musculosos com cyber-implantes que abriu semana passada?
Hubenka se levantou, apontou um cotoco na cara de Borlochynov, e sem falar nada foi embora. Ivan deu de ombros, terminou sua garrafa plástica de vodca barata, apontou para duas ou três naves que pairavam o local, bateu no ombro do irmão e se foi.
Borlochynov olhou o microcomputador de pulso e viu a mensagem de Bashara. De repente, depois de tantos meses sem se falarem, entre mágoas e orgasmos, ela lhe agradecia, ele nem sabia pelo o quê, mas sabia que estava muito feliz, sim! Aquele excesso de adrenalina e outras substâncias em seu corpo e cabeça deveria se chamar "FELICIDADE" (como dizia um menino, provavelmente com defeito de fábrica, dizia em um vídeo com mais de cem anos de idade!). Ele lembrou do palhaço que iniciara uma revolução longe dali, todavia, não era hora para pensar na vida, era hora de viver! Desceu as escadas de incêndio em direção àquela, a quem ele havia dito te amo, mesmo sabendo que não podia amar. Não sabia quanto tempo viveria, entretanto, agora sabia que queria viver. Será que ela também?


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