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quarta-feira, 29 de abril de 2015

Leviatã e o resto do amor

Um olhava para o outro. Ninguém pensava em preconceito naquele quarto. Ninguém lembrava das juras de amor em meio ao leito de prazer. Nenhum dos dois poderia dizer exatamente quais lugares foram nos primeiros encontros. Nenhum dos dois saberia contar como falaram aos seus amigos sobre o início do envolvimento... Agora, evitavam os olhos que tanto já haviam admirado: o de pele mais clara suspirava fundo, enquanto cobria a genitália; o de pele mais escura abria a janela do hotel e procurava não olhar para o mar: sabiam que a gentileza divina jazia naquele lugar, recordavam vivamente cada detalhe das escamas e dos dentes da colossal criatura que lhes cercara o barco! Ó, generoso e terrível Leviatã! Nos perdoe de atirarmos nossas vidas à superficilidade vã, e esquecermos que vós, ó majestoso, nos tem piedade!
Nunca mais dormiram.

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