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terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Sobras da madrugada

"A peste não está no sorriso infame do covarde, mas sim na convicção do hipócrita..." (MORDAZ)

O charuto cambaleia entre os dedos do covarde, na outra mão há uma dose de conhaque. Nem um, nem outro, nem quem os carrega é algo barato... A fortuna se esconde debaixo dos fios de cabelos e rugas? Entre os músculos dos braços, peito, costas? Na serenidade por vezes hostil dos olhos e moldes faciais? Lá fora, duas crianças dormem sobre uma mãe bêbada; faz frio. Cães disputam os restos do vômito de um bêbado feliz, porém, moribundo. O charuto e o conhaque resistem à madrugada, quem os segura, nem tanto - os pensamentos seguem um caminho distante do de casa, no interior daquelas vastas terras... Em casa, não lar, um purgatório constante - a dor, a companheira, a família, o trabalho... Lá longe, picos e fendas - a satisfação de viver... O sol se aproxima, sirenes e sinos ressoam, a cidade, de olhos quase fechados se levanta com milhares de fétidos odores que sufocam os recém-nascidos... Ele está em pé para mais um charuto e um conhaque na próxima madrugada.

 

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