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terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Sobras da madrugada

"A peste não está no sorriso infame do covarde, mas sim na convicção do hipócrita..." (MORDAZ)

O charuto cambaleia entre os dedos do covarde, na outra mão há uma dose de conhaque. Nem um, nem outro, nem quem os carrega é algo barato... A fortuna se esconde debaixo dos fios de cabelos e rugas? Entre os músculos dos braços, peito, costas? Na serenidade por vezes hostil dos olhos e moldes faciais? Lá fora, duas crianças dormem sobre uma mãe bêbada; faz frio. Cães disputam os restos do vômito de um bêbado feliz, porém, moribundo. O charuto e o conhaque resistem à madrugada, quem os segura, nem tanto - os pensamentos seguem um caminho distante do de casa, no interior daquelas vastas terras... Em casa, não lar, um purgatório constante - a dor, a companheira, a família, o trabalho... Lá longe, picos e fendas - a satisfação de viver... O sol se aproxima, sirenes e sinos ressoam, a cidade, de olhos quase fechados se levanta com milhares de fétidos odores que sufocam os recém-nascidos... Ele está em pé para mais um charuto e um conhaque na próxima madrugada.

 

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Antes do dado parar...

Este ano, a Mesa d'Arcana lança-se para a contagem regressiva de seu décimo sétimo aniversário, comemorado alguns anos no dia 20/06, ultimamente em uma data não específica do mês romano dedicado a Juno! E, apesar de uma profecia carente, de que o fim da mesa se aproximava anos passados, segue agora, mais uma vez com novos e antigos jogadores, aumentando cada vez mais seu número daqueles que passaram pela mesa, muitos dos quais memoráveis! E depois de algum hiato, o Mundo das Trevas, o antigo, volta a ser o centro das atenções, entram sistemas e saem sistemas, a mesa se arrisca! Normalmente se enrolando - como o vosso narrador que vos escreve! -, entretanto, se jogando ao desconhecido; nada incomum aos rpgistas!
Neste ciclo, que alguns pressentimentos apontam para dificuldades, há enormes possibilidades de se explorar sistemas e cenários muito pouco jogados, e isso inclui tanto o antigo Mundo das Trevas, como o tão esperado D&D (que mais provavelmente deve aparecer numa das versões da Open Game...)! Boas surpresas, pressinto!
Ano passado, o medo foi esperado, e, se veio, pouco se fez notar na mesa, mas fora dela - na medonha REALIDADE - deu as caras direitamente - me corrijo: diretamente - a torto e direita... Mesmo. Todavia, neste ano, seja momento para abrir um pouco de espaço para dois conceitos irmãos, gêmeos de óvulos distintos, o DESESPERO e a ESPERANÇA. Ambos serão extremamente explorados nas crônicas (aventuras) que serão narradas na mesa (uma dica para os jogadores explorarem isso em seus prelúdios)... Seguimos com a trama, agora explorando outras possíveis versões temporais do pluriverso, bem como trazendo uma nova saga para todas as crônicas que virão... (supresa para depois!) Ah! Não esqueçamos de Arkya!
Jogando Storyteller, especificamente Vampiro: A Idade das Trevas (meu primeiro contato com o Mundo das Trevas, apesar de se passar no cenário de GURPS Fantasy - sim, eu tive um narrador perverso!), fui apresentado à dinâmica do "dez" (curiosamente marcado com um zero? Veremos...) e do "um" (a maldita "falha crítica"!). Eles de fato não caem constantemente, mas caem bastante! Nas mãos dos narradores então... Bom, eis que uma vez foi me dada a dificuldade 10; eu precisava tirar 10 em uma mão de d10, apenas 10 poderia salvar minha personagem! E assim sobreviver (custo a lembrar, mas creio que era de um ataque de grifos...)! 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9 eram iguais, não mudariam nada minha jogada... Mas o 1, o 1 era algo pior que a morte! No momento, com o pouco XP que tinha de mesas, me tremia como que diante de uma surra materna! Não recordo a jogada, mas tanto o dez caiu, como o um... Fracasso.
Será?
Há um caminho longo entre o 1 e o 10 (normalmente marcado como um "0", o que mostra que pode ser até menor que o "1"...), infinito até, quiçá... Mas normalmente é ignorado quando olhamos apenas para o "sucesso crítico" ou para a "falha crítica"... Entre o "desespero" e a "fortuna" há uma trilha de esperança, notoriamente cheio de falhas... Queria terminar o texto legal com um bom exemplo, contudo, também ainda não cheguei na parte dos sucessos, mas mantemos a jornada... Longa vida à mesa!

Infâmia... faminta...

A fome da infâmia é grande; imensa! Ela se alimenta de todos os nossos incautos comentários, às vezes perto da verdade, daquela ali ou daquela outra... Verdades? Impressão de que esta palavra é confundida demais com a outra que não nos interessa agora.

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Dias passados, ouvi ou li, que uma amiga era acusada por um antigo íntimo consorte, de algum ato pecaminoso - não; criminoso! - Absurdo aos ouvidos de uns! Completamente esperados aos olhos de outros! A infâmia abria os braços e se erguia com velocidade de um sono atroz! (...será que dormia?)
Pobre amiga, que fora tão bondosa com tantos, abrira seu pequeno espaço de vivência para tantos, inclusos alguns que nem mereciam estar ali... Ressalvo: bondosa para alguns, otária pra uma parte bem "judiciária"!
O mais curioso, e revoltante de minha parte - não tento persuadir o leitor a concordar, longe de mim! - era indagar-me se alguns e algumas que ouviram a suposta infâmia (bem provável de ocorrida...) estavam preocupadas em ouvi as distintas partes, ou se realmente estavam preocupadas com algo, apenas gozavam da coleta de um pecado secreto!

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De um lado, outra amiga, me dizia que a acusada ficaria bem, que a hipocrisia alheia contaminaria a hipocrisia própria e no fim: "todos temos merda na barriga"... Outra amiga, um pouco mais revoltada, dizia para que esperasse o momento certo de vomitar sobre os acusadores que se amontavam sobre os restos de uma novela, quase romance...

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Elucubrações diabólicas

"Engolindo o arrependimento compulsório, ao contemplar a lápide daquela saudosa sensação pérfida que deixei morrer de fome, mas que rasteja embriagada e disposta a discutir pela madrugada..." (Elucubrações, Tomo V)


 A paisagem da vida alheia é tão asquerosa podre, e, simultaneamente, florida e invejável! Quantas sutilezas na minha perspectiva! Tolice, isso só expõe o quanto não percebes a ti, e teu paralelo que está em comparação constante com os outros - como estou fazendo a comparar-me a ti agora.
Estás certa. Te engano e te traio todos os dias e todas as horas; és uma escrava dos meus sentimentos e caprichos! Será? Quase tudo em ti são generalizações triviais e constantes, usando a maior parte do tempo para ter um pouquinho de atenção e, quiçá, amor de quem já te largou há tanto tempo; és um medíocre.
És uma insensata! Estou a tentar te dizer meus erros e pecados! Sem deixar claro meu arrependimento, para que percebas e te convenças da minha nobreza! É difícil? É muito perto do impossível levar-te de todo sério! Pareces viver diante das câmeras, em um eterno palco, onde todos os outros são coadjuvantes do teu ego colossal! Eu sou mais uma personagem no teu grande tabuleiro...
Bebe. Não quero. Inconstante. Machista. Racista! Violento! Arrogante. Coitado.

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[... sem beijos, nem abraços - felizes...]

A haste... seria segunda parte?

A simplicidade vem de uma coincidência tão inultilmente hipócrita, que rápido surge, lentamente se fixa no cotidiano... Bom, era pra estar escrevendo um artigo, as exigências da iluminação registrada! Ditadura do conhecimento! Advinda dos fundos da Era Clássica! Será?
Leitores, se leitores tiver, falei/escrevi das hastes há versos atrás, porém irei recapitular; as hastes seguram bandeiras! Isso apenas, simples. Apenas isso. Podem ser de pau ou de ferro - uma haste "cara-de-pau"? - ou de plástico mesmo, quando mais baratas e descartáveis...
Minha teoria: todos nós somos um pouco ou um bocado de haste! Ainda mais nesse momento de falsa militância e de emblemas-corações... Sim, nós somos. Não somos tão reflexo de uma ideologia nobre e subversiva que chamamos de nossa. Seria maravilhoso para nossos egos e postagens no instagram se fôssemos! Seria fascinante contar para netos ou futuras gerações todas as ações que aquela heroína ou herói da causa fizeram! O perfeito marxista, o perfeito militante de direita, o ideal cristão vivo, o profundo defensor da família, a recatada, a subversiva... (In)felizmente não somos! Há lados mesquinhos e virtuosos na nossa personalidade que não permitem que deixemos de ser haste para virar bandeira! Há pecados secretos (leia-se: pequenos crimes e corrupções), ou nem tanto, que nos fazem tremer se nossos irmãos e irmãs de séquito ficarem sabendo! Sabemos a quem queremos enganar? O jargão do "a nós mesmos" não faz sentido quando tanta gente já foi enganada pela nossa convicção cheia de problemas de memória e personalidade... Uma troca alucinante de dissimulação entre um copo de cerveja/vinho e outro, ou entre um hino/louvor e outro... Não tem tanta diferença, apesar de existir.
Compartilhar a dor alheia é realmente bondoso, todavia, creio, ter noção do compartilhamento de nossas hipocrisias e vícios, talvez, nos fizessem ser menos fanáticos e/ou ortodoxos, e, quem sabe, evitaria que nos ofendêssemos tanto.
"O quão amamos nossas vidas e gerações!" Melhores e piores, ao mesmo tempo, que toda a História do mundo! "O quão a revolução está em nossas mãos!"... O compartilhamento da falta de clareza anda em marcha rápida! Escute.
É humana a fofoca que corrói a imagem alheia? Claro que é. Bem como a certeza do quão podre a haste está, e que se servia para outra coisa, além de segurar a bandeira, logo nem para tal ordinária função terá força

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