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sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Um algodão sujo de felicidade!

Algodão chegou em casa pouco depois de desmamar. Cria de Luli e de Hulk, dois vira-latas do outro lado da cidade. Muito bonitinho, tinha o pelo ondulado e uma cor clara de caramelo. Parecia um algodão doce.
Teve dificuldade para ficar em casa, era muito hiperativo, poucos filhotes são calmos, mas o Algodãozinho era demais! Mordia muito, sempre tava a fuçar pela casa, brincava durante a noite toda e madrugada, pela manhã queria dormir...
Se sujava bastante! A cor de caramelo ficava escura! Parecia sempre sujo! Uma amiga o pegou no colo e perguntou porque aquele algodão estava tão sujo! Parecia uma nuvem carregada de chuva!
Quando começou a crescer, as coisas começaram a ser quebradas. Não aguentavam seu peso e força! As brincadeiras, às vezes, machucavam... Então, foi mandado para o vizinho. Cuidaram bem dele, e já tinha um novo lar. Ocasionalmente ia visitá-lo, e acariciá-lo um pouco.
Um dia adoeceu. E sem demora deixou esta vida. Nunca fez realmente mal a alguém. Era bem inquieto, e sujo - de felicidade.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

A Farsa das Matizes

1º ATO

Coleiras entre todos. Cansados de um dia inteiro andando. Param e adentram a casa de um egoísta.
Extraplanar: Possível dar-nos um pouco de pão e água? Somos exploradores-escravos das terras dos Hilotas & Inocentes! Podeis ter tal bondade?
Egoísta: É claro. Sempre desejei uma chance de trocar palavras com vós! Estou a elaborar um livro, que pretendo dar grande vastidão de opiniões! Livres ou não... Posso dar-lhes o que comer e o que beber! Podeis ajudar-me?
Anglicano: Estamos à vossa ordem! Não tereis servos para nos ajudarem? Cá não necessitamos de ajuda, e somos indignos de tal!

2º ATO

No emaranhado dos lençóis e plumas do Egoísta. Saciados de prazer e provisões, segue uma trôpega prosa de desconfortos! Agora sobre as Polis Íticas do horizonte traiçoeiro!
Egoísta: Não é católico e budista o legado traiçoeiro do povo que lá do canto direito vem? Almirantes daquelas águas sempre me advertiram! Há muitos credores naquelas regiões, todos crentes de algo! [acende um cigarro]
Extraplanar: Não somente. Protestantes de toda sorte! Hindus inclusive. Há todo tipo de pensamento livre! Graças ao Sábio Netiqueyte, sou um escravo do ceticismo, um cavaleiro do ateísmo! De bom grado, não de nascimento, mas de bom gosto...
Anglicano: Não tive escolha. Nasci escravo. Chamam-me pelo estigma de minha mãe. Não era de Polis Ítica, vinha do mar. Longe.
Extraplanar: Cansei de sôfregos desterros. Não somos livres! Orgulho servil! [levanta-se nu, na cama]
Egoísta: Deito com bons servos. Agora devem partir. O pão acabará na próxima semana e pouco me restou da água. Sedentos, vós estiveis.
Extraplanar: Dá-me um ósculo, portanto! [agarra o braço direito do Egoísta]
Anglicano: Quero mais que lábios! [agarra o pescoço do Egoísta]

3º ATO

Vestidos, agora, após a despedida. Vagam novamente rumo ao Mangue das Toscas Vindouras. Lá, há um bom rei, Telimbo rege feliz, e felizes são os que lhe servem - resmungam entre si [improvisar texto!]

Anglicano: Sirvo, mas não há tanto gosto como o teu. És um luminar! Há muito gosto em mim ver-te servir! Tens orgulho de ser um explorador-escravo! Meu orgulho é andar ao vosso lado!
Extraplanar: Além de bebidas e cigarros, Netiqueyte é o único que me conforta! E ele existe, com todos os seus átomos e elétrons! Todavia, conforta-me saber que o amigo é orgulhoso... Se somos!
Anglicano: Olhais! Um grande portão! As torres da polis! Chegamos! Um guarda... Um guarda se aproxima, tem um soberano atrás dele... Grande Netiqueyte, nos dar sabedoria agora!
Extraplanar: Bons dias e noites para vós, guardião da cidadela! Viemos de longe para provar nossa serventia ao teu mestre, e nosso futuro senhor... Não te preocupais, somos todos descrentes de divindades! Cuspimos em imagens e símbolos estranhos... Louvamos Netiqueyte! Temos marcas e diplomas! [põe-se de joelhos e sorrir empolgado]
Guardião da Polis: Então, até então. Por muitos, parecem certos. Mas lamento, terão que voltar. Há apenas algo que recentemente mudou, lamento por vós. Não havia como informar.
Extraplanar: O que poderia ter ocorrido? Somos irmãos em descrença! Temos diplomas! Marcas da servidão! Concursados, com toda certeza!
Anglicano: Nossos ancestrais, todos, renegamos. Idiotas animistas e cheios de fetiches. Dizeis, grande irmãos de espécie, o que de novo aconteceu, que não nos deixa adentrar tua polis?
Rei Telimbo: Agora tenho um deus. E todos que aqui vivem devem segui-lo. Arutaretil! Soberano dos livros de pele e das cavernas pintadas! Se não podeis servi-lo, daqui partam para todo o sempre! Há sempre um livro no fundo daquele poço sem lado, de almas e lodos.

 

O caminho do gigante

Na estrada para Moju há muita água. Há um torto caminho de pedras e galhos. Enraizado, um gigante ali dorme. Ele espreita a mata, observando em silêncio tanta gente, tanto tempo. Seu pescoço, fibroso e viscoso, se alonga por metros e metros; seus olhos cobrem um terço do rosto, azulados; sua boca, parece sempre aberta, uma saliva fétida e pegajosa deve estar sempre pingando; sua pele é de um tom amarelo bem claro... Há pouco pelo, e nenhum só e emitido; ocasionalmente um miado.
Ninguém conta essa história lá. Quem viu, sem querer, foi o menininho que veio da cidade, e brincado no quintal de casa, perscrutando a escuridão, viu o gigante, por entre duas enormes árvores. Ele jamais esqueceu. Hoje, já adulto, sempre a lembrar dos olhos, quando o desespero, do que for, toma-lhe os ossos.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Entalando-se?


A pequena tateava: 
As pequenas mãos dando tapinhas,
Na grama fria e molhada,
Cheiros e cheiros: lama, mato, baba...
O sapo dormia ali.
Há mais tempo que a pequena.
Tocou-lhe uma pata; ele abriu os olhos:
Um olho sobre o outro - espelhos.
Tempos que se engolem,
Bocejo e tato - ela aproximou a língua:
Lentamente sentiu o gosto daquilo,
Repetidas vezes,
Nunca haveria de esquecer a sensação,
Ele, imóvel, apenas assim permanecia...
Por fim, a pequena caiu, debatia-se.
O sapo voltou a cerrar os olhos.

Cachorros e cigarros

Fumava porque gostava e precisava. Fumava bastante mesmo. Sabia diferenciar gostos e potências. Bem, também, sabia quanto tempo levaria para um cão médio, pequeno ou grande morrer sangrando pela genitália. Sabia calcular o tempo que poderia matar um filhote, sem tirar o cigarro da boca.
Naquele beco, com boa iluminação mais muito lixo, o vira-lata se refugiou, ele já tinha matado o resto da matilha com uma pá. Agora faltava, aquele que ele com clareza, julgou ser o mais novo. Já havia fumado uma carteira e meia naquele dia, agora faltava mais um para que contagem da semana fosse adiantada. Um cheiro condenou o animal, que não tinha forças para atacar... A pá acertou-lhe o focinho.

Kurtis Golder
Natureza/Comportamento: Monstro/Solitário;
Nacionalidade/Idade: Canadense de 39 anos;
Atributos: Força 3, Destreza 2, Vigor 2; Carisma 1, Manipulação 2, Aparência 3; Percepção 3, Inteligência 3, Raciocínio 3;
Habilidades: Prontidão 3, Intimidação 3, Condução 2, Etiqueta 1, Armas de Fogo 3, Armas Brancas 3, Sobrevivência 3, Computador 3, Investigação 2, Ocultismo 1;
Antecedentes: Recursos 3;
Virtudes: Consciência 1, Autocontrole 3, Coragem 4;
Humanidade: 4;
Força de Vontade: 5;

Barulho do ar-condicionado

Há uma condição para tudo. É impossível seguir uma lógica diferente. Quem não reina em um mundo assim? Aquele som, do que sugere o título, um perfeito exemplo para tal: sem aquelas sutilezas bruscas, de atravanco da dureza rítmica!
Perfeito ao seu modo. Não são gritos de desesperos infantis! De blasfemadores em praças e lavanderias! Nem de roncos ou bocejos! Em igrejas e universidades!
Música? Não. Uma sonoridade suave que lhe conduz ao descanso. Sem se importar com o agradar - puramente moderna e necessária. Aquela utilidade que nos traz deleite. Alguém, não os leitores, achará uma metáfora. Pra quê aprendeu a ler?

 

Ontológico e epistêmico

Utopicamente indignado,
Seguiu, o neutro florete!
De encontro ao ventre impregnado! 
Soltou-se vísceras e gemidos...
Agonia e urro!

Resmungou uma pequena oração;
Criticamente medíocre e patética!
Ofendeu os leitores e a plateia,
Desperdício imperdoável de labores!

Repensou,
Escreveu novamente,
Ousou digitar,
O lápis ficou numa hesitação, meiga...

 

A forca da ribeira

Andando. Certezas em caminhos interpostos. Incívico e atado, redondezas de ciladas divididas. Se sério poderia ter fé, risonho diferente não havia de ser.
Esforçou-se, versículos e rouquidão. Agressivos, pasmos, reflexivos - atentos mancebos insistentes; uma, apenas, rapariga insensata.
Na correnteza, dispersa e caótica, crispavam, céleres e divinos, salmões do Tejo. Insensatez daquele que se apunhala com a pena. A coruja e o sátiro, de longe, entre as brumas; a brisa.
Murmuram, bocejaram - agora, olham. Um sono distante e tolo. Oniricamente insolente, reverbera exatidão tosca: argumentos tantálicos sobre a salvação de um perdido. Cá, nós, sem entender muito.

 

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