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segunda-feira, 30 de maio de 2011

INTANGÍVEL

Nada parecia idêntico. As formas postas diante do espelho. O tom cinza chamava a atenção entre todas as coisas... O vestido parecia desbotado, envelhecido, morto... Ela sabia que algo estava errado: os tons deveriam ser branco e preto! Sempre fora assim! Sempre! O médico disse isso a sua mãe quando ela ainda era bem novinha. Alertava sempre os novos amigos e namorados de sua condição para não haver problemas ou situações embaraçosas. Ao menos enxergava. Em preto e branco, mas podia enxergar.

            Quando ficava cinza. Algo estava errado. Algo não estava na devida ordem. O que seria?
            Uma vez sonhou que o sol tinha um forte tom, longe de ser preto, mas também não era branco... Os olhos se encantaram, gozaram de animação! Era tão forte! Não sabia nomear as cores... Mas não se sentia constrangida... Era um sonho ninguém poderia perceber... E acordou vendo o tom cinza.
            As dores de cabeça começaram. Melhor não ligar para os pais. Poderiam se preocupar demais – já haviam se preocupado demais, por muito tempo. O preto era frio – era o tom da porta. O branco era quente; o tom das paredes. Levantou-se.
            Olhou para o vestido. Não podia se atrasar. Estava cinza, isso poderia ser desagradável, mas não podia se atrasar. Desceu as escadas de sua casa, abriu aporta e tudo estava muito claro. Demais. Não parecia branco. Pedir socorro? Os olhos doíam! Segurou a grama branca ao cair. Ela deslizava! Apoiou-se na porta e parecia que afundaria nela! O vestido cinza mexia-se... Parecia que iria despi-la, mas voltava ao lugar... Em um esforço demasiado conseguiu se erguer.
            Andou pelo caminho amarelado.
            Chorou sobre as toalhas verdes.
            Cuspiu desespero vermelho!
            Deitou novamente na cama: com um lençol escuro e um travesseiro claro.
(...)

TERRA



TERRA

TER
TERRA
ERRA

HERDA TERRA
TER DADO TERRA
ERRADO

ERA DADO
TERRA – FARDO
É ERRADO - É MEU DESERDADO

SOL TERRA - SAL TERRA – TERRA MORTA
ERRA TORTO – SEM ERRO – ENTERRA

SÓ TERRA – NEM TERRA
A TERRA DO ERRO
DA TERRA: O ERRO

ERRA
TER
TERRA

SÓ TER ERRADO
EM TERRA - SEM NADA
EM NADA - SEM TERRA

(...)

quinta-feira, 26 de maio de 2011

O andarilho e o incauto desastre interior... VI

O sono não vinha... E a música distante o mantinha afastado... Sandro contorcia-se silenciosamente em uma cama de hotel em Caiena. Padre Ferreira rezava um terço e se aproximava do fim. Ed roncava alto e Carlla o acompanhava: um na cama e ouro no chão - a cerveja havia sido saborosa e o sono se mostrava macio - provavelmente o outro dia não seria tão agradável...
A música seguia incomodando Sandro, que começou a reparar na música:


Sentence



Ameno di
Ameno devoni
Ledisime
Dorera ri me

Omen tore
Legoli senta
Omenima 
Interi me

Os lençóis de hospitais são tão simplórios e necessários... Sem cheiro e sem coloração... Arcano observou o rosto de Sandro. Ele dormia profundamente. Ele retirou um pequeno livro de seu bolso. Procurou alguns versos e os recitou próximo ao ouvido do adormecido:


I'll save you from yourself
From those demons of the night
They promise fame and fortune
All that you eagerly desire. 

I'll save you from yourself
From those voices calling you
Sell your soul to evil
Then you'll be dancing forever.


Aleck, cansada e faminta, e Kanashiro, ainda muito pensativo, enfim chegaram a Macapá... Sem demora, Aleck acelerou o passe, sendo acompanhada por Alex... O cheiro do porto é forte, o local é sujo e deplorável... Ela paga um quantia a um carrancudo homem que permite que ele adentrem um caminhonete velha. Lá dentro há muitas pessoas que também pretendem ir a Caiena, cada um com um plano, sonho e necessidade...


Omen tore

Legoli senta

Omenima 
Interi 
Amen tore
Legoli senta
Arene loma 
Legoli senta

I'll save you from yourself
From those voices of the night
They promise fame and fortune
All that you eagerly desire. 

I'll save you from yourself
From those demons calling you
Sell your soul to evil
Then you'll be dancing forever.

Padre Ferreira abriu os olhos... Os sons eram distantes e abafados... Ele olha pra Sandro que dorme profundamente... Ele se levanta, liga para a recepção e questiona sobre o café. Kanashiro sente sono, não conseguira dormir com o balanço da caminhonete; Aleck acorda, com dor de cabeça... A luz do dia adentra as frestas na lona que cobre a caminhonete... O veículo para: Aleck e Kanashiro observam uma grande praça. Ela vai até um orelhão e liga para Padre Ferreira... Um som distante agrada Alex... Os dois se aproximam do hotel onde Padre e os outros se encontram...


Omen tore
Legoli senta
Alegoli
Ameno devoni
Devoni

Omen tore
Legoli senta
Omenima 
Interi 
Amen tore
Legoli senta
Arene loma 
Legoli senta


Distante... Talvez nem tanto... Sandro sente o colchão e o travesseiro... O corpo cansado... Ele abre os olhos, deve ser de manhã bem cedo, e percebe que há alguém ao seu lado: um homem com o cabelo esbranquiçado, com um semblante frio, e com um olhar profundo... Se chama Arcano, como anuncia... Sandro, olha sem entender...

quarta-feira, 25 de maio de 2011

O agora - simples.

Muitas, muitas vezes, mesmo, o pensamento ateu nos assusta... Digo, para a maioria que não sabe lidar com isso... É relativamente comum ouvirmos pretensiosos "ateus-céticos" que questionam aquilo e isto, sem a menor base científica-filosófica, de fato consciente e carregada de verdadeiros argumentos... Depois desse filme, não deixei de ter minha religião e fé, mas pensei com cautela sobre alguns dos ditos ateus - e sobre seus pensamentos, em suma, algumas 'coisas' fazem sentidos e servem de respaldo válido para muitas discussões... Vejam e tirem suaS próprias opiniões!

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Sempre 'À sombra das chuteiras imortais'!

Por puro egoísmo que por muitas vezes me move, guardaria esse livro somente para mim! Mas, pensando com certa caridade hipócrita, seria extremamente irritante conversar sobre futebol brasileiro com alguém que nunca tenha lido tal tomo sagrado... Então, se vamos falar de futebol, converse com Nelson!

O tratante destemido!


Entrou na casa desesperadamente! Estava com pressa, não tinha medo, queria qualquer coisa de valor! Estava precisando! Fosse o que fosse!
Não havia ninguém na casa. Que sorte! Mas... Rápido - abre as gavetas! Sem perder tempo - vasculha os armários! Bora - procura cofres!
Que desgraça! Nada! Nem comida! Nem merda nenhuma de valor! Talvez... Pensou em levar o mármore da pia...
Um susto desgraçado! Ouviu um choro...
Era uma criança... A última coisa que restara no barraco... Um bebê. Estava assustado. Os dois estavam. Levou a criança. Parou de fumar pasta.
Deu restos de comida a ela, a ensinou a falar, a beber e a roubar quando necessário. Sempre contou a verdade sobre a criança. Não tinham medo de nada e podiam resistir a tudo. Foram assim até seus últimos e breves dias...


sexta-feira, 20 de maio de 2011

COSMOCIDADE!!!


A CIDADE!!! O URBANO!!! O CAOS!!!
A UNIDADE COSMOPOLITA ASSUSTA!
CLARO! CLARO QUE ASSUSTA... O OBVIAMENTE MAIS QUE ÓBVIO!!!
O CAOS SE TORNA HARMÔNICO - ORA COM CHICO SCIENCE, ORA COM AUGUSTO DE CAMPOS... HARMONIA CAÓTICA! CAOS HARMÔNICO!
TUDO E NADA - AINDA QUE, EU DIRIA BELO, OU SUPREMA ARTE, MAS POR FALTA DE VOCÁBULO, DIGO: MUITO FODAAAAAAAAAAAA!!!


quinta-feira, 19 de maio de 2011

Fragmentos de mediocridade...

Entre debates desencadeados por parreiras e escárnios:
- Tudo pronto para enfrentar o dia mais importante da tua vida? E depois procurar mais e mais!
- Eu imaginei e cogitei... Agora, diante dos  planos grandiosos, me conformo com a mediocridade maravilhosa. Uma remuneração simples e sempre descalço na mesma terra...

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Nossos: 'Contos Paraenses'



Do final do século XIX para todos nós: 
Boa leitura a todos!

A cabeça da cobra

Andando por um interior do interior, vi algo estranho em uma venda estranha: Cabeça de cobra! O que iria fazer com 'cabeça de cobra'?!
- É p'ra ajudar na coragem e na astúcia. - respondia a dona da venda com indiferença.
- Talvez até precisasse...
A idéia lançada é fantástica ainda que estranha. Só tem uma coisa que causa repulsa: beber o caldo da cabeça da cobra fervido... Que asco tremendo...

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Sob a derrota


Arrogante e ignorante, leu o que não queria. Era um incompetente pelas palavras! Idiota. Buscou com tanto esforço uma causa: talvez tivera se esforçado, pelo menos seria isso que justificaria seu fracasso... A mais pura mentira!

Doidão, pedindo pra chorar...

É, pedir pra chorar é complicado... Pedir pra apanhar também... Não sei sobre que miasmas escrevo, depois de se sentir mal, e sempre por algum motivo patético sob uma condição medíocre... Então, revisitando o baú da primeira década dos anos 2000, temos essa maravilha aqui:
Uma vez imaginei, e menti, que via um boneco, na verdade um palhaço saido daquelas caixas toscas que se gira uma manivela e sai aquela desgraça de dentro... Enfim... É isso...

sábado, 14 de maio de 2011

O andarilho e o incauto desastre interior... V


O médico olhou com ternura para a aflita mãe de Sandro.
- Ele está bem... Quero dizer ele está bem, mas precisa acordar... Ele está em coma...
As reações posteriores foram variadas, rápidas e fortes, da mãe, das sobrinhas, das primas, e de todos que estavam na sala de espera do hospital... Um estranho sorriso se insinuava no rosto de Sandro que parecia dormir profundamente...
Arcano cumprimentou rapidamente a atendente do hospital e disse quem gostaria de ver. Ele ainda pensava em Aleck, no vinho, na discussão... Subia pausadamente as escadas, não gostava de elevadores. Observava com muito cuidado cada quadro pendurado nas paredes do hospital, os símbolos religiosos... Tudo. Depois, ao ver as enfermeiras, médicos e pessoas pela sala de espera, ele calmamente se aproximou de um dos médicos e questionou sobre Sandro.
Uma viagem, um espaço, um tempo. Aleck e Kanashiro seguiam em direção a Macapá, de lá teriam de pegar uma condução clandestina para Caiena e encontrar com Ed, Carlla, Padre Ferreira e Sandro. O jovem mestiço perguntava com cuidado os detalhes sobre a dor e o medo sentido. Aleck lhe explicava com detalhes sobre as construções ancestrais desses conceitos e a materialização deles de várias maneiras. Ele perguntou se Deus e o Diabo existiam. Ela olhou sério para ele.
- Para nosso bem e para o nosso mal. Mas não fazem muita diferença. A idéia deles... Sim.
Carlla e Ed bebiam, fumavam e conversavam em um bar copiado de Paris na entrada da Amazônia. Padre e Sandro observavam as crianças e os pombos na praça próxima ao bar.
- Eles chegarão pela manhã, senhor Cohesi. Não se preocupe, logo acertaremos como iremos salvá-lo. Não quero que o senhor perca a calma, mas devo alertá-lo que temos que agir logo.
- Mas... O que poderia acontecer de ruim?
- Você poderá ser acordado... E tudo estará perdido...

terça-feira, 10 de maio de 2011

Some pieces of SKINDRED: Nobody, Ratrace & Stand for Something!

IF you want to hear some fuckin' good music with reggae and punk and rap and new metal, THIS IS YOUR BAND: SKINDRED!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
They are from London, but with a great piece from Jamaica! A great drumm and fukin' guitar! The vocal, man, you have to be crazy: that guy rocks!!!!
Um amigo me falou que eu iria gostar da banda: por ser um som estranho e porque o vocal tinha cara redonda que nem a minha... Bom, ele estava certo! Das bandas novas é aquela que mais me prende o ouvido! Inovações a mil! Bad Brains certamente é uma banda muito louca - colocou Punk no Reggae e Reggae no Punk! Skindred pega a deixa e coloca um bom bocado de New Metal (ou todas as outras variações que os "doutores" do rock gostam de afirmar), a velocidade do Rap-Hip-Hop e a parada fica alucinante! As letras tratam sobre violência nos subúrbios e escolas londrinas, além de luta por direitos e música de rua! Cogito ver vídeos de times ingleses com esse som no fundo - deve ficar devastador! Essa é nova e eu recomendo (não que minha recomendação vá valer de muita coisa, mas...)! Para os livre pensadores sem nada para fazer... SKINDRED! Prometo a discografia pra qualquer dia desses...

Hipocrisia efêmera...


   A fumaça que saia daquela boca forçava a entrada no meu nariz. Apesar da vontade de espirrar e da irritação toda, o gosto da nicotina e da cerveja naquela língua não eram ruins. Eram até interessantes.
   Que morram esse pessoal que fuma! Eu não gosto de cigarro! Não suporto cigarro! Ficam gastando dinheiro com veneno!
   Mas entra de repente. Fuga impossível. Falta de educação.
  Mas o gosto é diferente. Sei lá... É, adoro beijar quem fuma...

sábado, 7 de maio de 2011

O andarilho e o incauto desastre interior... IV

Cheirando a ponta dos dedos, para sentir o odor de nicotina que restava por lá... Carlla e Sandro chegam à catedral de Caiena. Ele parece confuso e preocupado, ela apenas observa tudo ao redor sem expressar preocupação, mas algo lhe irrita penosamente - não saber o que fazer. Então Padre Ferreira e Ed se aproximam, Carlla saúda Ed e pede a benção para o padre, Sandro apenas os cumprimenta com o olhar esperançoso, certo de que as confusões acabariam... 
Aleck e Kanashiro passam por ruas sujas e de odor ruim; a Cidade Velha de noite lembra um cenário de filmes medievais com bruxas, demônios e dragões, Aleck calada sabe onde devem ir, Kanashiro, ansioso e nervoso apenas olha para o chão e segue a estranha moça... Kanashiro observa as pedras que compõem o chão de boa parte do antigo bairro, ignora a sujeira, e segue os padrões alinhados, seu pensamento, como de um jovem, se perdem rapidamente e percebe que há algo no chão uma mancha escura, parece sangue, é fétida e pegajosa, ele aproxima a mão e toca - uma sensação gelada toma-lhe a cabeça e seus fechados observam padrões retorcidos ao seu redor, seu medo se materializa - na verdade busca representação, e ele pode ver uma criatura da altura de dois homens, sua pele é como se fosse de uma pessoa esfolada, forte, dentes enormes; ela está os observando do alto de uma casa de dois andares! Ele grita o nome de Aleck! Ela observa assustada para o local apontado pelo jovem mestiço! A criatura é rápida e perspicaz: ela salta sobre Aleck! Kanashiro dá três passos rápidos e salta no ar - com a ponta do pé atinge o flanco da criatura e muda sua trajetória - arremessando-a contra uma parede! Aleck corre em direção à "Baba-do-Diabo" e pronuncia palavras em uma língua desconhecida para o jovem: ela estende a mão sobre os "remendos-infernais" e a criatura pega fogo! Ou algo do tipo... Chamas azuladas, celestes, cobrem a criatura que grita, mas é a alma de Kanashiro que escuta... A critatura desaparece, apenas fica uma pasta escura no chão, para comprar existência... Aleck suspira, alivia-se e diz para eles continuarem, se não perderão o barco para Macapá, ele observa com os olhos largos e com as mãos trêmulas; opta por não falar nada e segue a colega...
Padre Ferreira diz a Sandro que a culpa é um conceito tênue e fraco, mas capaz de aniquilar a vida de alguém... Ele diz que Sandro carrega a culpa - de algo que provavelmente não fez. Ele diz que sabe apenas por saber. Sandro assustado, pergunta o que pode ter feito.

- Escute, jovem, nem sempre podemos coordenar nossos atos, somos animais... E eles sabem disso...
- Eles quem? O que eu fiz? Me abrigaram a fazer?!
- Eu disse que ele era irritante... - comenta Carlla em baixo tom para Ed que apenas sorrir...
- Sandro, você roubou algo que está dentro de você. Antes de chegar a Caiena você vagava por planos distintos, era esse "algo" se manifestando em você... É patético lhe dizer, mas você precisa devolver isso, e nós estamos aqui para ajudá-lo...
Sandro agradece e fica confuso. E cogita todas suas hipóteses de ter feito algo de errado sem querer. Contudo, nada surge em sua mente confusa demais. Ele senta-se e baixa a cabeça, nunca fora muito religioso, mas esboça uma oração. E então sua mente desloca-se no plano: ele está em casa dormindo. Abre os olhos e está na igreja.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Clamar

Ele não tinha raiva de Deus,
Nem admirava o Diabo!


Tinha dores interiores - não só na cabeça!
Daquelas que nunca param,
Nem dá p'ra se conformar...


Como o protocolo moral mandava:
Ele pedia perdão a Deus...


Como os ritos ancestrais instruíam:
Falou bem alto em nome do Diabo!


Como um efeito placebo
As dores diminuíram
A carne se aliviava!


E seus olhos se iluminaram
Com a escuridão do Abismo...

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Ramificações da usura vencida...


Debochada e postada sobre minha cama...
O desejo e carne na cabeça dos simplórios hipócritas!
Desfrutam ou lamentam o que quer que esteja diante de suas sensações,
Raciocínio e discernimento vil - insinua-se no verbo que quer concretizar-se!


O infortúnio devido de vosso semblante!
Desleixado insensível - ídolo de todos!
Louva ao grande Deus-Homem!


Passa-se a mão sobre as costas dela!
Delineio cinismo e sarcasmo... Anseio tocar-lhe o interior...
Sente-se o odor de vontade... A sensação latente do desejo,
Limita-se aos toques - desgraçado e ordinário... Fraco.

O maldito necessário de vossa face!
Deboche frio - totem soberano!
Adora ao magnífico Homem-Deus!

Sinceridade agonizante! Busto idealizado...
A língua imóvel... A genitália amordaçada...
Soluço interior. Faca quimérica. Visão no vazio onírico.
Repete-se ações! Move-se! Toca-se! Vislumbra-se! E suspira...

O andarilho e o incauto desastre interior... III

Kanashiro observou Aleck por 10 segundos e pediu para que ela entrasse. Ela o observou por menos que isso. E entrou.
Ed usava a mão esquerda para fumar e a direita para arrastar a carcaça da caça que havia abatido... Andou um bom bocado até chegar de volta ao bar, pagou mais duas cervejas, pegou a moto, arrancou a mão da criatura, a guardou em uma caixa de madeira e partiu de volta para o "buraco" que lhe servia de residência... Queria dormir um poucos antes de encontrar seu superior...
Depois de todos os protocolos necessários, Sandro chegou, enfim, ao porto de Caiena, iria comprar a passagem, mas foi interrompido:
- Senhor Cohesi... O senhor ainda não pode ir...
- O que? Eu... Eu... Eu lhe vi... No bar e...
- Meu nome é Carlla... E você realmente vai me irritar... Mas, Sandro eu preciso que você venha comigo...
- Mas o que eu fiz?! Eu?! Por quê?
- Apenas, por enquanto, venha. Logo fará sentido, eu garanto... Apesar de ainda não fazer muito nem para mim...
Não lhe restando muitas opções diante de uma corpulenta armada, Sandro a acompanhou. Pareciam ir em direção ao que parecia ser o centro da cidade...
Alex Kanashiro ofereceu água e depois pediu para que a moça sentasse. Aleck recusou a primeira opção.
- O lar é uma fortuna para poucos... Não sei de sua condição... Apenas devo alertá-lo que o senhor ficará fora por uns tempos...
- O que? Por quê?
- Bom, Kanashiro, você pode fazer da forma como quiser... Mas se o vetor que direciona sua vida continua invisível... Ignore o que lhe ofereço.
Dito o necessário, ela se levantou e saiu. Ele não a acompanhou, mas depois... Pensou com cuidado e saiu. Ela não estaria longe. Não estava - estava na frente do prédio, sentada a aguardá-lo. Uma mochila, foi tudo que ele precisou. E a seguiu.
O Padre Ferreira de Paula conhecia bem qualquer um que passasse poucos momentos com ele. Ele não era um velho qualquer. Ele poderia chamar suas memórias e ações passadas de experiência. Sim, poderia. Seu ofício nos últimos quase 30 anos, não era nada comum, ainda que oficial, nada muito bom de ser comentado, nada que trouxesse uma boa conversa... Ele aguardava por Ed na maior igreja católica de Caiena. Ed surgiu, e trazia a prova de uma missão cumprida. Sem demora, o ex-seminaristas questionou o veterano:
- E as duas? Já encontraram os caras do tal "Valete Esmeralda"? Aqueles...
- No devido instante saberemos. Você fez bem, ainda que tenha demorado...
- Tomei algumas cervejas e tava cansado! É tudo... Desculpe...
- Amém! Vamos rezar um pouco... Depois lhe pago um café - o sorriso era paternal e confortador. Ed aceitou e rezou tudo já tinha aprendido. Era o protocolo.
Na casa, sozinho, olhando as duas taças de vinho deixados a dois dias, alguém lamentava. E era só, por ora...

terça-feira, 3 de maio de 2011

Bad, bad, bad... BRAINS!


As cores são abstrações sentidas pelos olhos... Sejam cores de roupas, da natureza ou mesmo de peles. No rock, infelizmente - tem muito idiota que pensa que a pele tem que ser clara e a roupa preta - que tal a pele preta e roupa reggae?

Bad Brains assusta por isso! Um grupo de negros, vestidos como uma banda de reggae, e não deixa de ser, com cabelos ao estilo rasta e tals - mas com um som muito do seu HARDCORE com muito REGGAE! Punk desgraçado! Das profundezas de alguma miscigenação divina (provavelmente forçada...), o rock da década de 80 nos oferece esse grupo nada convencional!
É muito comum ouvirmos comentários preconceituosos e racistas em meio a rockeiros! Muito ("prefiro as branquinhas!", "música de preto!", "Pantera é muito bom!")! Até mesmo punks que se dizem sem qualquer preconceito... Tá bom... Então toma-te Bad Brains na cabeça desses ignorantes fedorentos!

Eu tive a sorte maldita de conhecê-los vendo um programa sobre muitas bandas da década de 80... Década em que nasci, mas não vivi... Desde brancos americanos até latinos de pele clara (os brancos brasileiros!), várias bandas de rock da "década perdida" - de repente aquele visual me salta os olhos,  logo depois uma música muito louca! Fantástico! Fã de cara! Toda discografia pra vocês!

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