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segunda-feira, 4 de maio de 2015

Zayad & Zahadka

Diz uma lenda...
Quando Zayad abriu os olhos, sua certezas de não estar em casa já estavam cauterizadas, mas a sensação de não estar mais na realidade em que nascera era algo novo. Sempre foi. Mas para uma criança era algo ainda nunca contemplado pelos sábios, e talvez mesmo por pequenas entidades... Antes de chorar em angústia, ele caminhou pelo Deserto Perpétuo de Arkya, ainda não tinha idade para desejar não mais viver, todavia, o sentimento era quase esse.
Algumas raras vezes, o amor cede espaço para o rancor, o medo para a cólera... Os beduínos cercaram a pequena criança, ela imaginou as piores dores possíveis.Quando um deles se aproximou, seu pequeno braço foi ligeiro o suficiente para roubar um pequeno cabo que seguia uma corrente com pequenas lâminas no final! Não era uma arma para se usar contra inimigos, era uma arma para ser usada contra pecados pessoais.
Cada vez que o pequeno, submerso em ira, atacava um daqueles que o cercavam, ele tinha as costas flageladas brutalmente, quanto mais sentimento maior a dor. Até que seu pequeno corpo não pôde mais resistir, ele caiu no deserto e foi deixado para morrer. Os beduínos haviam cumprido a missão de chegar até o lugar sob a "cratera no céu", que havia se formado dias antes de encontrarem o menino.
Um frágil ímpeto por ora gigantesco.
Zahadka nunca se afirmou um deus; sabedoria e magia são irmãs, se não reflexos. Em Sihir-Arazi, a crença em divindades da forma como se
transfigura na Terra não existe mais há eras. Naquele momento, a Era de Areia, Zahadka já havia entrado em contato com outros mundos, em busca de uma forma de salvar a "Terra da Magia". Nenhum plano ou planeta respondia. Mas ele ouviu Zayad, e o pequeno o sentiu. Era uma ruptura, uma chance de chegar a uma realidade, antes que a sua fosse aniquilada, ele assim, não poderia vingá-la, ou mesmo reconstruí-la. Ou evitarque fosse destruída, se no tempo voltasse. Fazia apenas uma era que ele havia suplantado os anciões de Sihir-Arazi, e agora governava, conduzindo seu povo, escolhido entre os ignorantes dissolvidos no "Fluxo-de-Sabedoria", a construir formas de assimilar novos mundos. Mas, naquele tempo, tudo estava perdido, por ora.
Zahadka estava investindo numa fonte de crença em Arkya, já há alguns anos, já havia visitado a "Terra dos Deuses Dragões" e os ajudado contra invasores distantes. Mas agora, o pequeno vindo de Sevilla, poderia dar-lhe a chance de caminhar novamente entre os planos. E assim ocorreu.
Mas o sangue do pequeno garoto possuía propriedades tão escondidas, que nem o supremo sábio poderia ter percebido. As convicções adquiridas pela criança não eram mais humanas, e assim até um "deus" pode ser contaminado por aquele que deseja possuir. O sopro do conhecimento, que alguns chamam de magia, gerou Zayad-Zahadka, o Pêndulo das Frações Eternas. Salvar Sihir-Arazi tornou-se uma obrigação, nem que para isso outras realidades, outros mundos, devam deixar de existir! O infortúnio, ou o inevitável, permitiu que a realidade terrena estivesse em seu caminho... Ele enviou uma porção de certezas ao seu passado, e junto com o Parafuso e a Pena, que ainda não havia lhe traído, ajudou a prender Azheemaad-Anak'Rah, "Todas-Uma". Um poderoso bolsão de crenças e convicções divinas que idealizara e começara construir a Terra. A inescrutabilidade de suas ações seguiram para culminar na sua senda primordial, contudo, a força do caos encontra a todos de alguma forma, sempre... Agora, com os vórtices cósmicos de Opala e do Exilado fora de seu alcance, como ele poderá cumprir a demanda que o fez existir?
Talvez buscar na essência dos sonhos do mundo uma forma de remover da Terra a essência de "Um-Todos", para iniciar o processo de reconstrução de Sihir-Arazi, ou criar uma "ponte de ímpetos" ao passado, e destruir Romae-Drodezaf antes dele e suas bestas cósmicas devorarem a "Terra da Magia" para virarem deuses que hoje são.
Arcano

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