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quinta-feira, 17 de abril de 2014

Há mesa e som, Arcano!

Falta!
Espaço para papeis e poesias!
Não se colore os olhos daquela criança...

Falta!
Sopros e sussurros ecoando!
Não se vasculha o peito do jovem...

Ar que sopra... Galhofa azul itinerante!
Galhardias verdejantes!
Fogo distante...
... eis mais um quadro!


A Mesa de Som Arcano


Era uma vez, um homem cansado e prudente. Diletante de prudência e cigarros. Ele tinha uma filha, linda moça, prudente também, sem tanto cigarro. Um dia um sonho veio! Um sonho lindo e pernóstico! Arrebatando tantos peitos e pulsos, como nunca dantes havia ser visto, em todas aquelas paragens... O sonho matou a moça, uma milha dali o corpo foi achado - e o homem prudente se vingou. E nem todos foram felizes para sempre.



quarta-feira, 9 de abril de 2014

A brazilian kills the president!

A brazilian kills the president!
Estava pichado no centro da cidade. Diego havia pichado. "Dia-de-ego" - ouvia continuamente, no quarto, na grande cozinha, no jardim enorme de sua nova casa: muita gente, para todos os lados, algumas não conhecia. Olhava pros rostos, sentia pena e medo... tudo misturado. Juntos? Por quê?
Às vezes rezava. Orando? Pra quê? Olhava e procurava... Onde estava a mãe? Havia um deus no telhado, tinha certeza disso. Uma vez viu: o dragão do lado de fora, que engolia o palhaço. Olhava:
A brazilian kills the president!

A velha e o mar

Sentada na areia e observando a opaca superfície: a menina chorava. Soluços emaranhados à tosses, areia nos olhos, nas bochechas, nos cabelos... Lamentos e blasfêmias - a carne da mãe e do pai, consumidas pelo tombar de orgulhos e nações - suas grandes paredes de apoio. Zorourdalia, o nome que a mãe havia lhe dado, ela queria entre fome e vingança, parar de chorar... mas aquele choro não sai sem a força da maré, mesmo a do Mar Morto. A escuridão veio, mais forte que a luz, sucumbindo o trovão, estremecendo a rocha, e a consolou... Então ela morreu, mas abriu os olhos de novo.


segunda-feira, 7 de abril de 2014

Ali há na flor em mim?

Rangeu os dentes quando viu todo aquele povo!

Resmungou pesares insensatos repetitivos...
Os mesmos hereges ingratos da causa!
As mesmas freiras caducas e os pastores cômicos...

Avançou! Sem qualquer medo ou pudor.
Recuou. Sem motivo para pressa?
Avançou! Com punho cerrado e olhos em alvos.
Recuou. Observando cada esquina e beco.
Avançou. Procurando uma arma no caminho.
Recuou! Tantas vozes e ricocheteadas de angústias!
Avançou? Apontavam uma arma para cabeça de sua irmã.
Recuou! Uma pedra na cabeça do amigo! Pés sobre o irmão.

Encontrados - antes perdidos?
Silvo suave de latente impressão - cosmo.
Cinzas de tantas verdades, e agora o sorriso do Limbo.
O Enclausurado - o mentor.

Ali há na gratidão...
Ali há na mágica...

Não tão pequenas problemáticas!

Em cima o céu, no meio a árvore e a sombra, os dois em baixo. Dablo olhava para Arcano, percebendo a dúvida em cada ruga formada em seu rosto, em cada gota de suor que se alinhava na testa, e voltava os olhos para os rascunhos e mapas.
- Tá vendo? As pequenas linhas em tom verde? São por onde "as escamas do Mundo" se moveram... Aqui, as manchas amareladas, parecendo café velho, são as "pétalas secas da Sombra" desaparecendo. E esses traçados de lápis são os "saltadores de devaneios da Luz". Muitos né?
- Irmão. Não faz sentido.
- Quando fez?
- Havia um ponto que vinha do Rio? E um do centro e do Nordeste? De Brasília?
- Nos traços iniciais sim. Alguns saiam daqui também.
- Avisamos ao padre. Obrigado, mais uma vez, Dablo.
- Sem bronca, mano.

A pequena rocha que afrontava o Mar

Se nome haveria de ter,
Há palavras amontando-se pra dar,
E não apenas criar de roubo,
Nome feio e ingrato:
Quase-Delta Ancorado Sobre Umbigo do Jacaré!
Enfiavam essa palavra como nome
Na ilhota de pedra, areia e mato...

Nela subia e descia,
Gente e bicho,
Bicho-gente,
Gentis?

Nadaram tantos, sobre areia e mágoa,
Sonhos, carinhos inglórios de um sol,
De uma lua, e um desdém do mar...

Sempre, a negar a ilhota...
Nem e jamais - lá - bem no meio:
Umbigo sangrando;
O barro vivo dos sonhos!

E, acabado;
Lânguida que suspira como de sofrer...
Lá, afunda, com histórias,
Que não se contam.



O capitão

Uma ventania: aquele sopro sem singelo toque! Folhas ao vento, como cabelos puxados... Pássaros desfeitos pelos chicotes de ar! Clarões rompendo o lençol cinza e amarrotado que cobria o céu... A mais bela das cidades! Longe dali, mas sentindo tudo aquilo, debaixo d'água, Güeron Del Rossin, usava sua patente para fazer exigências aos subordinados, e aliviar-se dos percalços burocráticos. Havia de encontrar um conhecido em poucos instantes... Um conhecido? Há vela voraz na memória que se entope de rebeldia? Uma atrofia dentro dos sentimentos - sim! Verdadeira deficiência...


quarta-feira, 2 de abril de 2014

Vida e morte dos gêmeos caóticos

Em berço remoto e seco, uma jovem viúva dá-a-luz a dois meninos: um de tom mais escuro que o outro. Um maior que o outro. Um mais querido que o outro. Os dois tinham olhos tom de esmeralda, e diante de joias, eles reluziam mais... divinos semblantes de inocência, que murchava rapidamente, enquanto cresciam, e aprendiam: nobres de uma casa rica. Artes da guerra entediantes, não como escritas e estrelas - estrelas! Muitas estrelas, que se emaranhavam a poemas mal construídos, feitos pela infância decrépita, pela juventude enferma, e por fim pela maturidade tardia - versos que encontraram donos, que os escutaram, como nunca mais, haviam ouvido nada tão singelo, que os comove-se de tal forma, que desejariam caminhar novamente entre os imperfeitos: Azathot e Nyarlathotep... Cada irmão escolheu sua poesia, e construíram distante um do outro. Até morrerem. Pela primeira vez.


O Último Semblante de Opala?

Ontem, refeito no hoje, elã de amanhã:
Nuvens joviais compõem seus cabelos;
Contornos rupestres do rosto e corpo;
Olhos de um milhão de vidas!
Distantes realidades, felizes, terríveis...

Serpenteia na respiração, um desejo infantil:
Corroer a alma que descreve o ente imortal,
Apertá-la, de uma vez, sem motivo, além do
Arrependimento feroz que a acompanha...
... Num ontemhojeamanhã...

Ãhnamaejohmetno...
Repete, singular, angústia...
Ãhnamaejohmetno...
Um desespero, silêncio, gemido...
Ãhnamaejohmetno...
Agoniza, sem fôlego, não se refaz...



O Golpe do Estupro Necessário!

Enxertos de desejos em um único ente... Ele a observou longos minutos. Linda, baixinha, cabelos ondulados, pele bronzeada, olhos pequenos e meigos... A roupa curta e insinuante. Ele tomado de ânsia, contava os quadradinhos desenhados na saia, reparava nos detalhes da trança, olhava, com a saliva escorrendo, para os detalhes do joelho e das coxas, imaginava as dimensões da bunda. Enfim, ela desceu do ônibus, ele a seguiu. Ela entrou em uma casa grande, singular e velha. O velho general que saiu lá de dentro a abraçou e a afagou. Ele ficou do lado de fora, sentindo inveja do militar, mordendo os lábios que nunca provarão da coragem, e se comerão na mediocridade viva de si.


Rajada de flagelos...

Como uma rajada de flagelos...
Sopro vindo do fundo da alma - aglomera-se à maré da nostalgia...
Não rima o verbo que se nega...
Não consome o medo que se estampa...

Decora frases,
Recorda de manuscritos,
Fotografias sempre na recordação,
Uma corrente: grilhões imortais?

Ainda exaspera-se?
Clama por singela lembrança!
Escreve, digita... Rima...

Se um dia, forasteiro,
Se... Inexistência de um plano!
Afirma-se para se refazer em outro.


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