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terça-feira, 21 de julho de 2020

Versões de Mundo das Trevas e outros jogos de horror



Os autores abandonaram o Mundo das Trevas? E aquele mundo das Trevas que conhecíamos morreu? As lembranças são eternas e o legado é perpétuo, isso é algo bom, toda jornada tem um fim. E novas sagas em diferentes mundos estão por vir. Mas seria interessante entender algumas coisas para evitar expectativas enlouquecidas e frustrações impactantes...


O VELHO MUNDO DAS TREVAS...
A 3ª edição acabou com os livros de fim de mundo. Alguns excelentes por sinal! E com eles aquela meta-trama morreu. Foi legal e rendeu excelentes experiências! Mas se foi... Cataios, Elohim, Imbuídos e Imorredouros, foi muito bom o tempo que passamos juntos, entretanto, é hora de dizer adeus no que se refere "lore oficial". Contudo, não fique triste, como narrador ou jogador você pode recriar e refazer diversas histórias com o material que foi escrito, por acaso, você depende da canetada de um autor estrangeiro para que sua história valha a pena? RPG também é criação, não é só reprodução - isto não é um vídeo game com tudo predeterminado. Lembre-se. 
A 4ª edição foi uma edição comemorativa - lembra de TKoF 2000? - e apenas para as cinco criaturas iniciais, não há nenhuma grande atualização no cenário, apenas correções de sistema. É muito boa, mas também uma despedida daquilo que era, e uma preparação para que está vindo a ser... E para reforçar, se você não viu os finados na 4ª edição, dificilmente vai vê-los na 5ª. Melhor: você não vai.
No "Chronicles of Darkness", estas criaturas "abandonadas" pelo Mundo das Trevas estão excelentes! É quase inânime dizer que são melhores versões das anteriores - pelo menos Changeling, Demon e Hunter são com toda certeza. Mummy dizem que ficou em qualidade igual. O que é muito bom! Experimente.

O LEGADO DO MUNDO DAS TREVAS...
A 5ª edição, apenas com Vampire por enquanto, é outro jogo. Há aproveitamento de algo da história passada, mas é outro jogo, usa o nome da franquia, mas a realidade é bem diferente. E isso não é ruim - novos jogadores devem adorar. Excelentes materiais se renovam, boas histórias são recontadas, assim é o RPG (e aparentemente sua indústria). Com os jogos eletrônicos sendo produzidos a todo vapor, é possível que o WoD passe por uma grande reformulação de paradigma. Tomara que tenhamos um universo de WoD mais coeso e mecanicamente estimulante à interpretação.
Existe uma outra forma em que o "legado" do Mundo das Trevas sobrevive, o material feito por fãs, às vezes até elogiado pelos autores oficiais, com certeza vale a pena dar uma olhada. Mas sempre tenha em mente, não é uma continuação! Uma versão alternativa à original... Ou seja, se você é uma rpgista de espírito livre, isso não lhe afeta em nada, mas se é preso às canetadas de autores gringos, possivelmente, não vai aceitar... Uma pena.

ALÉM DO MUNDO DAS TREVAS...
Senão, o mercado rpgístico está em um excelente momento de produção, e não apenas de Mundo das Trevas vive o RPG de horror - tem muita coisa boa, e talvez melhores, por aí para ser descoberta e jogada! Nacionalmente, os títulos estão transbordando com financiamentos coletivos acelerados por todos os lados. Todavia, historicamente existem alguns títulos para se dar atenção... 
In Nomine é um deles, originalmente francês, ganhou uma versão americana, que suavizava a trama e sistema originais. Há algum tempo, não é lançado nada para a versão estadunidense (que teve o livro básico traduzido no Brasil, por editora que já fechou...), mas a versão francesa já está na sua 5ª edição, atualizando a meta-trama e sendo lançada em outras línguas! In Nomine, nas duas versões, conta a história da guerra celestial, mas nesta, tanto anjos como demônios não contam com seus "líderes" máximos, mas apenas com Arcanjos e Príncipes que disputam uns contra os outros e muitas vezes entre si o controle da humanidade. In Nomine teve uma versão para GURPS, muito elogiada, e uma versão inspirada em animes japoneses sobre mechas gigantes, mascotes habilidosos, super poderes, técnicas marciais etc.
Witchcraft foi o concorrente de Mage por muito tempo na década de 90 nos EUA. Diferente dos "despertos" da WW, os bruxos e bruxas de Witchcraft não possuem uma Tecnocracia extremamente poderosa como rival, o que dá mais liberdade para as personagens. Conta com poderes psíquicos, necromancia e milagres da fé, além da magia como conhecemos (manipulação elemental, maldições, bênçãos etc.). No mundo de Witchcraft, o mundo estava prestes a acabar, chegando a ganhar diversos suplementos sobre os sinais do fim, e depois um livro básico sobre um cenário alternativo para depois do "fim do mundo", ou durante.
Desenvolvido na Suécia, Kult é um antigo RPG em renovação, assim como Chamado de Cthulhu. A última edição de Kult, a 4ª, será lançada no Brasil, e este polêmico RPG irá trazer com certeza uma adição interessante ao público brasileiro. Em Kult, a realidade é uma mentira criada por um deus que quer nos aprisionar, por sermos capazes de destroná-lo, afinal, nós também fomos deuses, porém, romper com a realidade não é nada fácil, e ainda por cima, guardamos pérfidos segredos que nos fazem diferentes dos olhos mundanos, e nos dão status de uma divindade grotesca...
Resumidamente, dá para se ter uma ideia de que o horror no RPG está bem além de apenas Mundo das Trevas! E que o mesmo está em mudanças assim como o público... Os tempos são bons para o RPG! Isso vai além de seus gostos pessoais, que talvez precisem ser revisados. Abraçar o novo não significa esquecer o velho.

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