Era uma vez um antigo reino, o Reino da Coisagrande. Lá, de tudo tinha. Era conhecidíssimo por seus artesãos! Eles faziam de tudo para agradar o seu rei, o Rei Certynho. Era um monarca que tinha fama de ser muito organizado! Para ele tudo tinha que estar no lugar certo. Devidamente colocado, nas medidas e proporções certas. Um dia, o Rei Certynho conheceu uma princesa de um reino distante, e se apaixonou por ela perdidamente! E a convidou para um chá! Ele pediu que três dos seus melhores artesãos fizessem três itens perfeitos para a princesa: um balão para ficar suspenso sobre a mesa, como um enfeite. Uma vasilha de plástico para guardar o biscoito que seria preparado especialmente para a ocasião, e uma bacia de alumínio para conter a água perfumada que limparia as mãos da princesa ao final do chá.
A princesa chegou no dia e no horário combinado. Estava mais linda do que nunca - apesar de alguns dizerem que ela estava cansada da viagem e apenas com um laço no cabelo como adereço adicional. O Rei Certynho não quis aguardar o descanso da princesa, e mandou chamá-la para o chá. Foi o grande erro.
Cansada, enfadada, a princesa não encheu muito o balão, deixando-o murcho sobre a mesa. Não comeu todos os biscoitos, e quando guardou a vasilha ficou tão cheia que fechava direito. E sem querer derrubou a bacia, que fez muito barulho ao cair... O coração do Rei Certynho se despedaçou.
E ela foi embora. O Rei Certynho passou uma semana pensando naquela tarde de chá. Desolado. Ninguém sabe o que aconteceu direito. Apenas contam que ele foi ao porão do castelo, levou os três objetos e fez experiências mágicas com eles. Para ele, a culpa era dos objetos - eles foram responsáveis pela chateação da princesa. Quando ficaram prontos, ele foi à praça exibi-los diante do povo e dos artesãos que os tinham construídos.
Ele disse que o balão nunca ficaria murcho, e com um sopro, o balão estava perfeito. Ele disse que a vasilha sempre fecharia, e com apenas um apertãozinho, ela se fechou. E disse que a bacia ao cair não faria barulho, ela caiu e não fez barulho nenhum. Todos olhavam surpresos para as invenções do rei, até que o balão não parou de crescer! A vasilha também! E a bacia começou a tremer só e caiu, se multiplicando a cada nova queda e fazendo um barulho terrível! Quando o balão estava maior que os todos os prédios do reino, ele se tornou um boneco gigante de balão e pisou em muitas casas, as destruindo. A vasilha seguiu o mesmo rumo, destruindo muitos prédios. As bacias cobriram um terço do reino, e continuavam se multiplicando. O Rei Certynho enlouqueceu! Mas em um breve momento de consciência, pediu para que os três artesãos mágicos fizessem algo...
Ao-Lab, o criador do balão, furou o boneco gigante, que logo murchou até caber na mão do artesão. Ahli-Sav, o criador da vasilha, colocou tudo que conseguiu botar na boneca de plástico, que a vasilha havia se tornado, e ela ia diminuindo à medida que tirava o excedente, até ficar pequena novamente. Ai-Cab, jogou milhares de travesseiros no caminho por onde as bacias passariam, e elas os atingiram sem fazer barulho e ficando quietinhas, assim foram se absorvendo até ficarem em uma só.
O rei os agradeceu e voltou para seus aposentos. Mas ainda estava pensativo, pegou um pouco de borracha do balão, um pouco de plástico da vasilha e um pouco de alumínio da bacia, e fez um pote, que segundo ele serviria para guardar os objetos, e que nunca poderia ficar vazio. Mas guando terminou de construir o pote, vazio ele estava! E começou a ficar grande para conter algo! Acabou contendo todo o castelo, com o Rei Certynho e seus súditos. Mais uma vez os três artesãos mágicos foram chamados. Eles fizeram um duro discurso ao rei, e depois fizeram uma caixa que sempre tinha que conter os quatro itens. Se não tivesse pelo menos um deles, ela cresceria tanto que poderia guardar um reino inteiro! E partiram.
O Rei Certynho ficou cada vez pior. Ninguém sabia lembrar quem foi a princesa de Ooo responsável por aquilo tudo. Ele espalhou três dos objetos e um usou sobre si. O balão e a vasilha sumiram. Dizem que a bacia foi parar na mão de um dono de ferro-velho. E o pote guarda o próprio rei, numa "torre" em formato de pote. O problema foi a caixa que aprisionou uma cidade inteira, que há muito tempo espera ser libertada. Se é que um dia será...
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