Era tarde. A temperatura baixava e o frio começava a abraçar cada uma das crianças que brincavam no parquinho. Horas antes, a fome era grande e responsável pelo aborrecimento crescente entre os pequenos; não teve lanche na escola. Todos se conheciam. Apenas uma garotinha, que se divertia bastante, era a desconhecida.
É tão perigoso deixar crianças sós. Às vezes sozinhas se machucam. Ninguém ajuda, e o céu ganha mais um anjinho...
As crianças só voltariam depois que a noite caísse. A mãe pedia para chegarem cedo. Mas como ela não estaria em casa, resolveram estender a tarde... E se divertiam: sujas, com fome, incansáveis...
Até que uma pequenina caiu, e a desconhecida foi até ela. Enquanto o choro era alto, e as outras já se amontoavam em volta para ver aquele joelho ralado, aquela que ninguém conhecia tentava acalmar, por mais que fosse mais nova. Falava como uma mãezinha cheia de ternura, fazia carinho e cantarolava uma cantiga antiga e melodiosa. O choro parou. E mais uma rodada de brincadeiras reiniciou. Nada perturbava aqueles bichinhos soltos e felizes no sereno!
Muito tempo depois, uma senhora passou pelo parquinho, ainda conservado e cheio de crianças. Ela lembrou do dia que ralou o joelho ali, foi em um dia que não teve merenda, e saíram cedo da escola, haviam brincado a tarde toda... De repente, ela viu a garotinha que havia lhe afagado. Ela vestia o mesmo vestido e carregava um imenso sorriso. Ela estremeceu quando seus olhos encontraram os dela. O susto lhe fez tremer e não se sentir bem, mais conseguiu sorrir de volta.
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