Ao Mutirão dos Indeléveis
A escada para o Todo,
Se inicia nos confusos
Enredos de uma Ilusão:
Eis que chegam um a um,
Os filhos do sacramento dos cultos,
Anjos da retórica indecifrável!
O pequeno pobre poeta descasca
Seus fios sujos de cabelo ressecado
Parte do couro se acumula sob as unhas,
Parte da sina está dentro de muitas garrafas...
Sua lamúria é perpétua! Seus sonhos se esvaíram
Há muito tempo, logo depois de surgir,
Porém, antes de nascer...
Triste e trôpego, o profeta dos bons tempos!
Sorriso constante! Trilha o caminho dos ridículos!
São incessantes as deidades que lhe flagelam a cabeça,
Um deus o mutilou quando acabara de existir...
Agora, desprovido do prepúcio, vaga a dar razões incertas,
Totalmente válidas em sua caverna,
Em que registra uma história que não será lida...
O clérigo das ruínas, o santo das crucificadas,
O hálito da pureza e da inocência cativa um rebanho raivoso,
Mas seus iguais sentem a podridão que fraqueja no fim...
Sua alma não lhe pertence, sua vida foi abnegada,
Suas deusas não o provém, sua haste não tem ponta...
Mas ele ri - o engodo - e caminha!
Braveja e se castra continuamente...
Enfeitiçados!
O sorriso mórbido que se estende...
A jovem morta na praia dos iludidos...
O virtuoso suicida enforcado...
Os resquícios de uma convicção
Ainda travam batalhas,
Nas noites sem som,
Nos cantos da angústia,
Sob a placenta do Desespero...
O sol,
Os olhos...
A baba endurecida...
Uma lembrança
De um pesadelo tido no passado,
Um vislumbre da impotência
Das coisas loucas do mundo...
A poeira cavalga o vento!
Sem sonhos ou pensamentos...
A poeira são muitos restos de areia!
De nome só um...
Triste? Colérica? Incerta?
Não!
Feliz,
Como a pedra que fita o sol sem olhos!
Como a rocha que sente sem sentir a tempestade...
E as escolhas não cabem a uma única virgem,
Não se crê em paladinos do absurdo,
Agora, o caos veste o rosto de seu Avatar,
E se prepara para deixar este mundo mais uma vez!
Até renascer como um cristo louco,
Um diabo inocente,
Um grão de um mineral,
Intermitente.