Pesquisar este blog

terça-feira, 24 de julho de 2018

O Tempo Desfigurado: As Horas Deformadas - Os Minutos Aberrantes

FRENETICAMENTE. Os ponteiros batiam e ecoavam nos ouvidos do bêbado que despertava, Jean Golias Ventura Sá. Há algumas semanas passadas, ele fora passageiro dos momentos inconstantes de Anelson Moraes Souza. E agora, solitário em um quarto de hotel barato, em algum interior tão inóspito, ainda que perto da capital, que o som de um alto-falante que se afastava era a única coisa que atrapalhava a marcha dos ponteiros... O entorpecimento escorria aceleradamente, a dor de cabeça se precipitava com vigor e vontade, a boca estava seca, a posição de bruços sobre a cama pequena combinava com o suor abundante e a escuridão do quarto. Acabara de dar uma hora da tarde.
MANSAMENTE. Anelson pisava no acelerador, o coração ia seguindo devagar o mesmo ritmo, a ansiedade crescia de maneira lenta, quase como o crescer de uma maré natural em dias de verão amazônico. As imagens numa estrada nem tão remota por essas bandas são como rajadas verdes dos dois lados, propriedades de alguém, mas sem ninguém. Verde, estrada, verde, vultos, verde, veredas... Enfim, o carro imóvel. O motor quase dando suspiros depois de uma longa corrida, acalma-se; silencia. Estava perto.
PARADOXALMENTE. A chuva logo iria subir, os respingos começavam a voltar aos céus. A embriaguez voltava devagar para os fluídos cerebrais de Golias, e agora ele rememorava tudo aquilo que estava quase perdido, e estivera pouco antes do cambalear do tempo. A bala estava pronta. Anelson resistira a tentação várias vezes, um Cristo no deserto? As nuvens se contorciam, os relógios e sinos ecoavam o choro - lamentações de uma mãe que observava uma rebeldia infundada. Goles pesados de cerveja, uma única mesa, uma única certeza. Mas duas cadeiras, dois copos e muitas frustrações em silêncio miravam a poeira da estrada. Partiram.

quinta-feira, 12 de julho de 2018

Sem rosto!


Ele se afogou no próprio suor! Acordou, a luz não se fazia presente. Os sons da escuridão não são como na ficção literária, fantástica ou realista, são pequenos e irritantes; breves agudos gemidos, ranger de plástico e madeira, como um grito bem abafado, o chiado de uma respiração defeituosa, um nariz entupido, uma ronquidão incessante. As incertezas e frustrações dominaram-lhe a mente, uma intenção de provocar o sono por medo de encarar recordações. Vultos de amantes e rivais, sombras de aspirações e o aperto ao travesseiro: uma âncora - estava vivo; era uma pena, não encontrava a boca, o nariz ou os olhos...


Quando o Esquecimento perdeu...


A morte, a última ponte. Há vezes que se conspira contra a realidade, há vezes que a realidade é o pior dos tormentos. Escrever, criar o absurdo, para alguns o desnecessário. Para quê? Versos, intermináveis ritmos, como ondas: Inspira, expira, recua, avança...


O Sossego e a Frustração: Um quase beijo...

Que sorte seria deixar de existir? Quando a existência de encontrar um descanso em vida, aquele que permite que não sintamos nem calor ou frio, aquele que permite ouvirmos pausadamente o som da nossa própria respiração, como o movimento de ondas... Você já notou? Que o movimento do mar na praia parece de uma respiração? Será que a imagem do perfeito sossego é fitando o oceano, a silhueta de alguém nem feliz ou triste, talvez sendo e não existindo...


Contatos