Como salvar-se quando se passa por uma trilha que lhe faz fazer coisas que afrontam sua moral e seus princípios? Como lidar com a lógica da dor alheia? Vai esperar que, a cada lágrima, o ser que você aflige saiba que o que você faz é para o bem dele?! Há lendas religiosas, lendas morais e lendas históricas de indivíduos que supostamente em meio ao mal que causavam, na verdade perscrutavam um bem! Nossa frágil concepção imediatista e infantil nos faz crer que é isso e pronto... Quanta tolice, será que em nenhum momento eles não sentiram prazer na dor alheia? Elas não se amarguraram, amaldiçoaram todas as suas crenças, mataram e roubaram para saciar a alma ferida e faminta? óbvio, que não se pode refutar a menor hipótese: todo monstro foi um humano ou humana... E ele poderá deixar de ser o que é - e abraçar o era? Às vezes o monstro é bem mais virtuoso que a frágil humana ou o covarde humano, que se escondem em seus afazeres, na tentativa vã que os outros não vejam sua mediocridade diante da dor do mundo, da fome de uma criança, do sofrimento...
Agnã-Gzaya, foi o nome que ela recebeu quando completou sete pares de estações de cheia e seca. Significava algo como "milagre-em-forma-de-menina"! Seu pai morreu quando ela ainda não tinha nome, e sua mãe pouco depois dela recebê-lo. Um ano depois, sua comunidade foi invadida, e como todas as mulheres e crianças, e ela foi transformada em escrava. Na capital do Império Inca havia função para todo tipo de escravo: abanar, cozinhar, limpar, plantar, procriar... Auxiliar os sacerdotes. A menina de menos de 10 anos, foi mandada a auxiliar a jovem sacerdotisa Nã-Naykila, conhecida por uma suposta loucura e extravagâncias... Ela tratava a menina com desprezo, mas quando ensinava os rituais, era uma verdadeira mestra - infelizmente, desprezada, por sua vez, pelos sacerdotes.
Um dia a jovem mestra da pequena Agnã se feriu em um experimento com venenos e metal lunar, Nã-Naykila sabia que logo morreria, e ensinou passo a passo, a pequena a preparar o rito funerário que lhe garantiria a volta. A pequena assim o fez. Mas quando a mestra se foi, ela não poderia convocá-la se não perderia o cargo que havia herdado, ela consultou espiritualmente a mestra, que em todo seu ódio, se recusou a ir "ao descanso" e assombrou a pequena até o dia em que já era uma mulher, e havia perdido seu primeiro filho.
O pai do primeiro filho de Agnã seria um rico nobre, da linhagem real, Megochak, ele estava apaixonado, mas também estava prometido a uma nobre de terras distantes, mais ao norte... A perda do filho mudou o amor dos dois, o envenenou, e transformou-se em ódio! Na fuga dos dois, para longe da capital do Império, poucos meses depois da criança ter morrido, a violência preencheu o espírito dos dois, e eles tentaram se matar! Ele a venceu e a violou - colocando mais uma criança na sua barriga. Ele dormiu - ela o matou.
Grávida mais uma vez, vagando a meses pelas matas, Agnã-Gzaya pouco se alimentava, e mastigava frequentemente as raízes e folhas alucinógenas. Ela apenas esperava pelo fim - ao menos daria algo de bom para a criança que crescia em seu ventre: paz. Foi quando, cercada por homens inimigos do império, em meio ao medo que voltava à medida que a lembrança das dores da morte da esperança cresciam, ela usou seus poderes e conjurou os piores deuses que conseguia lembrar, sejam os antigos adorados por seu povo do rio, sejam os novos adorados pelos habitantes das cidades! E eles atenderam. Em troca: perdia outro filho.
Ela viveu diversas vidas em sonhos e ilusões - atravessou o tempo. E vislumbrou a verdade espalhada como um leque de mil plumas. Percebeu que a realidade, assim como sua vida, já havia mudado muitas vezes, e quando encontrou com os outros "deuses-do-caos", percebeu que eles estavam fadados ao esquecimento como todos os outros - era possível enfrentar o destino?
Na sua essência havia as dores de todas as mulheres de seu tempo, a ousadia e a rebeldia era o caminho das párias e abandonadas, ela tentou consultar antigas mestras que poderiam olhar para ela e ver um legado, então, numa noite fria e chuvosa, as semanas de meditação deram resultado: ela contatou as bruxas velhas que haviam dominado um mundo distante, e precisavam de ajuda. Agnã fez o que podia para ajudá-las, o processo durou alguns anos. No final, ela pediu ajuda e asilo para as bruxas, os espanhóis haviam chegado, e sua civilização desmoronava, as concederam a Agnã-Gzaya, já velha e fraca, um lugar no mundo sombrio delas e servos, para que ela conseguisse um espaço naquele lugar. Mas Agnã-Gzaya, tinha seus próprios planos...
AGNÃ-GZAYA
ATRIBUTOS: Agilidade d10, Astúcia d12, Espírito d12, Força d10, Vigor d12;
PERÍCIAS: Atletismo d8, Cavalgar d6, Conhecimento d12, Consertar d10, Coragem d12, Curar d10, Intimidar d12, Investigar d10, Lutar d8, Manha d6, Perceber d10, Persuadir d8, Provocar d10, Rastrear d8, Sobrevivência d12, Subterfúgio d10;
COMPLICAÇÕES: Desagradável (Menor), Feio (Menor), Vunerabilidade;
VANTAGENS: Arcano (Bruxaria), Cura Rápida, Drenar a Alma, Necromante Mestre, Nervos de Aço Aprimorado, Pontos de Poder, Mestre, Prontidão, Seguidores;
PODERES: Advinhação, Amigo das Feras, Andar nas Paredes, Armadura, Atordoar, Aumentar/Reduzir Características, Barreira, Confusão, Cura, Devastação, Drenar Pontos de Poder, Enredar, Falar Idioma, Fantoche, Ferir, Golpear, Medo, Mudança de Forma, Zumbi;
PONTOS DE PODER: 50;
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