O fogo não grita nem geme.
Ele tentava acender o cigarro pela segunda vez, mas a caixa de fósforos parecia muito velha e suja de óleo de cozinha. O cachorro latia bastante no quintal que estivera mais sujo, mas seus latidos, ânsias de liberdade, permaneciam ignorados.
O carpete vermelho começava a queimar junto com a toalha da mesa. Não havia forro; a fumaça já estava começando a ganhar espaço fora da casa. Havia estalos na madeira do sofá que queimava, o crepitar das chamas eram próximos demais, ele ignorava, ainda estava concentrado no cigarro, concentrado demais, sua mente deveria estar vazia ou seca... O cadáver da mãe continuava queimando na cadeira de balanço que também era consumida pelas chamas... O cheiro de carne queimada era desagradável e se espalhara rápido. Não havia mais gritos.
Um comentário:
bom de tensão...período melhor: vespertino,pontas e gotas.
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