Amores: Inveja e Divindade

"Há quem busque dizer tantas explicações que confluam numa palavra: ADMIRAÇÃO... Será mesmo??? Ora, a vergonha de afirmar a inveja é tão falsa como as próprias tentativas de nos convencer que é apenas uma admiração? Ou será que não conhecemos a natureza da própria inveja e apenas damos alguns nomes insensatos para ela...?"

(Mordaz) 

Uma atitude mordaz compôs esse parágrafo num desatento desinteresse de devaneio. O processo para se tornar divino requer um pouco de desconhecimento contínuo, há uma espécie de regimento invisível, mas que necessita uma conduta - no olhar de alguns, completamente sem sentido, todavia, a natureza da divindade o é. "A vida se me é" (C. Lispector).

Toda divindade deve saber que sua natureza se encerra em si, e que qualquer suposta extensão, nada mais são que apêndices, cruéis ou inúteis.

 

ARKANACAST? MESACAST?!

Direto do forno!

MAIS UMA INVENÇÃO...

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Entre versos

(último texto de Lucrilya Morcastello antes de ser sequestrada)

... Assombroso e exuberante,

... Melancólico,

Longínquo,

Encantador e meigo...

... Órfão...

... Jardim. 

 

Lascas de Ferrugem & Almas

Nada cheira mais forte que um porto... Nada! Nem mesmo a genitália aberta de uma mãe parindo na calçada de uma feira... Não. Sandavhor Yuntah, vice inspetor geral de Cinco Dedos, sabe disso muito bem: ele recebe metade do que o inspetor geral recebe, trabalha o dobro ou mais, e sente quase todos os dias os cheiros três vezes piores que os que o inspetor geral já teve que cheirar... Ele não trabalha com o que trabalha porque gosta, como muita gente que se esconde atrás de pergaminhos, na frente de alunos, atrás de máscaras em hospitais ou atrás de fardas e uniformes - trabalha porque alguém deve fazê-lo! Nem uma divindade tem a ver com isso! Seu pai que vinha de outras terras lhe deu mais instruções que abraços, e ele não sente falta disso.

Anos atrás, seis anos atrás algo aconteceu em Ludhber, ao noroeste de Berg, e nunca foi definitivamente explicado, uma mina desabou, acabando com a cena de um crime e com os investimentos que algumas pessoas fizeram ali... Bom, se não bastasse, a enteada do governador local foi sequestrada, e justamente sobre as ruínas da mina... Isso faz uma semana! Colocaram cartazes por Cinco Dedos, procurando alguém que pudesse ajudar, que tivesse vivido em Ludhber, e pudesse dar alguma informação sobre lá, antes de partirem pra lá. Não foi preciso partir, um gobber apareceu dando informações sobre o que aconteceu lá há seis anos atrás - e disse mais, o sequestrador deveria estar nas proximidades de Cinco Dedos! Ele quase foi preso por isso, mas logo se ofereceu em ajudar, em troca de recompensa, claro - disse que o desaparecimento de moças na estação de trem tinham a ver com isso, já eram três com esse de Ludhber... O gobber disse que foi o "príncipe em sépia", uma coisa que fez sentido com a cor deixada no solo dos locais dos desaparecimentos... Alguma coisa precisava ser feita...

Alguma coisa precisa ser feita.
O clima de guerra não facilita o deslocamento de soldados ou membros da guarda para auxiliar em questões pequenas, mesmo a filha de um governador de uma vila longe e esquecida... Mas a notícia foi espalhada e a recompensa era alta, alguns devem aparecer, alguns tipos bem detestáveis ou nem tanto... Há também rumores que sindicatos criminosos e membros de outros reinos, de maneira clandestina, poderiam estar interessados - afinal há uma porção de terra em Ludhber como recompensa... Um outro efeito que atrai, tipos asquerosos, é o fato de fugitivos que se juntarem às buscas terão sua pena apagada dos registros da cidade... Sandavhor Yuntah está preocupado, entretanto, já esteve em guerras - está preparado.

Um estrangeiro, Onyrb'a Morudazy, estranho demais em traços, veterano de guerra, pelo menos diz ser, não dormiu, passou o dia num bar, chamou alguns amigos imprestáveis, apagou seu charuto e o guardou para mais tarde, além de terminar uma garrafa de conhaque, bebeu um pouco de água suja e partiu a esperar seus conhecidos e ir em direção ao vice inspetor geral... Hora de conseguir algo que prestasse e valesse a pena. De algo ele fugia - de algo queria fugir. Algo sabia.